sábado, 20 de novembro de 2021

Jovens Portugueses com a maior taxa de desemprego no país

Segundo um estudo estatístico desenvolvido pelo Serviço de Estatísticas da União Europeia (EUROSTAT), em 2019, Portugal encontrava-se entre os países europeus com uma das maiores taxas de desemprego da população jovem. Este é um problema que tem merecido crescente preocupação por parte dos governantes portugueses, e que tem levado à implementação ao longo dos últimos anos de várias medidas de apoio aos jovens trabalhadores, tais como o projeto Garantia Jovem, o Qualifica e o Emprego Jovem Ativo.

No entanto, tem-se constatado que estas medidas não estão a ser suficientes. Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), as principais causas da alta percentagem de desemprego jovem vivida em Portugal deve-se aos frágeis vínculos laborais oferecidos pelo mercado de trabalho, como os contratos a termo certo, recibos verdes ou períodos experimentais. O EUROSTAT divulgou em outubro de 2020 um gráfico que apresenta Portugal como o segundo país com maior taxa de risco de perda de emprego para os mais jovens, entre os 16 e 24 anos, sendo apenas ultrapassado pela Espanha. Em 2017, Portugal  apresentava a quarta maior taxa de jovens com contratos de trabalho temporários, sendo neste último índice apenas ultrapassado pela Espanha, Eslovénia e Polónia. 

Com o nosso país a atravessar a atual crise sanitária, que teve início em 2020, este foi um motivo mais que veio agravar o desemprego jovem. Não se justifica de todo a instabilidade profissional vivida pelos jovens portugueses.

O Banco de Portugal, publicou também as estatísticas da população jovem entre os 16 e 24 anos ao longo dos últimos anos, por trimestres, iniciando a análise  em 2016 e terminando em 2021.


Fonte: BPstat

Através do mesmo, podemos concluir que em 2016 a população jovem encontrava-se com valores observados de 27,8% de desempregados, tendo vindo assim a diminuir até aos 17,6% em 2019. Com o impacto da crise sanitária atingiu os 26,3%, porém não superou o valor atingido em 2016. Em 2021, o valor tem vindo a decrescer, ao longo dos trimestres, até que chegou a atingir os 22,6%.

Podemos assim concluir que, no decorrer da crise sanitária, Portugal observou valores bastantes altos no desemprego jovem, contudo, no início da análise do Banco de Portugal, em 2016, foi verificado um valor mais alto, ainda.

Na verdade, observando os valores do passado e comparando com os valores do presente, verificamos que, em 2016, o desemprego era efetivamente mais alto, ou seja, sabemos que a pandemia causou desemprego nos jovens, porém continua a ser difícil para a sociedade perceber o porque do desemprego elevado nos jovens. Será que os jovens portugueses são completamente desinteressados e preguiçosos?  Na minha opinião, não. Penso que existe uma vasta concorrência. Por mais ou menos qualificações que o jovem efetivamente tenha, pode ser difícil adquirir um emprego quando se tem que sujeitar a salários baixos, com cargas horárias sobrecarregadas, com contratos que duram um tempo indeterminado. Para o atual jovem, com estas condições de trabalho, tornar-se cada vez mais difícil manter-se motivado ao longo do seu percurso na procura de emprego.

Não obstante, na minha opinião, como numa sociedade existem vários tipos de pessoas com diferentes objetivos, não digo obviamente que não exista pelo menos um jovem português que prefira ficar em casa em vez de percorrer, por exemplo, as lojas todas de um shopping que, nesta altura, pedem quase todas reforços de lojistas, tendo em conta que se aproxima uma época natalícia que causa uma alta procura nessa área de consumo.

Esta é uma realidade bastante assustadora tendo em conta que sou uma jovem universitária a acabar a licenciatura, e prestes a ingressar no mercado de trabalho. Contudo, penso que, continuando a acreditar que  novas oportunidades vão surgindo, o investimento pessoal feito até agora não será em vão.

 

Joana Pedra Gonçalves

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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