sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Os efeitos da pandemia da COVID-19 em 2020

A pandemia da COVID-19 é, atualmente, um problema mundial. O seu efeito não se reflete apenas em termos físicos, como também constitui uma enorme adversidade na economia global. A quase impossibilidade do trabalho levou a produções muito reduzidas ou até ao encerramento de serviços. Com estas condições desfavoráveis, muitas empresas recorreram ao despedimento de trabalhadores ou entraram até em insolvência.

Optei por este tema devido à relevância que ainda possui na atualidade. Penso que é uma situação que ainda hoje afeta grande parte da população, pois há muitas famílias que perderam a sua fonte de rendimento e encontram-se, até, em risco de pobreza.

O grande entrave no combate a esta crise em termos económicos é que é global, ao contrário da crise mais recente em Portugal (da Troika), que era apenas nacional, ou seja, ainda havia oportunidades no mercado externo e produtores estrangeiros baseados no nosso território, o que facilitou, de certa forma, o combate ao desemprego e à recessão presente nessa altura.

Passando agora para a situação do desemprego em 2020, registamos que, sem surpresa, o total do desemprego subiu para 353 mil (em 15/4), segundo os dados do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP). No entanto, é de notar que este valor acaba por não refletir a realidade, já que não tem em conta o recurso ao mecanismo do layoff, que, por sua vez, abrangia mais de 930 mil trabalhadores. Este mecanismo corresponde à suspensão dos contratos dos funcionários ou apenas a uma redução do seu horário de trabalho, e, portanto, acaba por ser um amortecedor no número de pedidos de subsídio de desemprego e na manutenção dos postos de trabalho.

Esta queda notável no número de postos de trabalho colocou parte das famílias com diminuição de rendimento disponível ou numa posição de incerteza quanto à sua situação financeira futura. Este fator constitui mais uma complicação no que toca ao consumo, já que a população estará motivada a ter uma maior poupança, levando a menos comércio e menos investimento. Isto foi mais acentuado nos setores ligados ao turismo e restauração, uma vez que mesmo após a retirada das condicionaste legais que levaram ao encerramento dos estabelecimentos estes sentiram grandes dificuldades face ao efeito psicológico que a pandemia causou.

Se considerarmos que a recuperação da taxa de desemprego que ocorreu em Portugal nos anos pós-Troika se deveu muito ao crescimento do emprego nos setores atrás referidos, é facilmente expectável que uma parte significativa dos postos criados será eliminada. Tendo sido o setor do turismo a grande aposta na recuperação da economia portuguesa nos últimos anos, onde se verificou um grande incremento no fluxo de turistas estrangeiros, também aqui se sentiram os efeitos da pandemia através das restrições à deslocação para fora dos seus países.

A procura turística em Portugal (consumo por parte de estrangeiros e residentes) caiu 50,4% para 16,3 mil milhões de euros no ano passado devido à pandemia de covid-19, o que representa uma diminuição de 16,5 mil milhões de euros para o sector. Os dados, preliminares, constam da conta satélite do turismo elaborada pelo INE. Logo, a procura não foi a suficiente para assegurar a manutenção dos postos de trabalho neste setor.

O setor de restauração, também muito dependente do turismo, sentiu o mesmo choque, com uma brusca redução do número de clientes, e com um aumento significativo das insolvências neste setor. Registou-se uma queda de 43,5% na faturação, no que ao setor da restauração diz respeito. Estes valores, relativos a 2020, traduzem-se em 2625 milhões de euros, surgindo numa altura em que o crescimento vinha a ser contínuo e que, em 2019, o setor tinha atingido os 4645 milhões de euros, um aumento de 4% face a 2018.

Estes efeitos devastadores ainda se sentem hoje tanto na economia nacional como também a nível global, e vai ser um problema que ainda nos afetará durante muitos anos.

 

Tiago Teixeira

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 


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