quarta-feira, 3 de novembro de 2021

A realidade do mercado de trabalho português

Têm sido vários os desafios que o mercado de trabalho português tem enfrentado ao longo dos anos – como o envelhecimento da população ou a falta de trabalhadores qualificados, principalmente em áreas como as tecnológicas. Para agravar a situação, a pandemia de Covid-19 veio desacelerar o desenvolvimento e crescimento de muitos países, entre eles Portugal. Dito isto, questões como a igualdade no mercado de trabalho e as oportunidades de carreira para os mais jovens continuam atuais.

Portugal é um país tradicionalmente ligado à agricultura, tendo sido este um dos seus grandes setores de atividade até há poucas décadas, tal como o setor da construção. Com o evoluir da tecnologia e com a crescente aposta no aumento do grau de escolaridade da população, o mercado de trabalho foi-se alterando progressivamente, havendo um decréscimo na procura dos setores tradicionais e um aumento da procura de posições mais diferenciadas. É inegável que a diferenciação da mão-de-obra abriu novas portas para a população ativa e, consequentemente, para o país, já que isto trouxe um aumento na diversidade dos postos de trabalho. Contudo, estes avanços não apagaram os problemas da precariedade e salários baixos, e continuam a existir poucas oportunidades de carreira para uma parte significativa da população.

A vontade de progredir e evoluir auxilia o desenvolvimento de um país, sendo um importante motor numa economia pequena como a portuguesa. No entanto, estes avanços devem ser acompanhados de justas leis laborais, garantindo que o crescimento do PIB não é feito à custa da qualidade de vida dos trabalhadores. Se este crescimento não proteger as suas bases – a mão-de-obra – o seu futuro é limitado e pouco sustentável.

Também é meu entender que assistimos a uma polarização do mercado – há uma sistémica falta de investimento em muitos setores, conjugada com uma excessiva aposta noutros. Um sólido desenvolvimento implica que todos os setores da economia, desde a agricultura até à indústria de ponta, avançam e se atualizam. Mas isto não se verifica.

É importante, sim, continuar a apostar na educação dos mais jovens, no entanto, é crucial garantir oportunidades para aqueles que não tiveram as mesmas condições no passado. Apostar numa educação eficaz para todas as faixas etárias, tendo em conta as suas caraterísticas, é, a meu ver, uma possível medida para mitigar estas desigualdades. Esta educação também passaria pela formação contínua dos trabalhadores atuais ao longo de toda a sua carreira profissional.

Apoio a necessidade de intervenção mais ativa do Estado nesta problemática através de medidas focadas no desenvolvimento e proteção da população ativa mais desfavorecida. Reforço que salários justos e medidas de proteção laboral devem ser sempre uma aposta parceira do investimento financeiro.

 

Marta Campos Miranda

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

 

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