sábado, 27 de novembro de 2021

A evolução das exportações portuguesa para os EUA

          Em 2020, as importações de bens realizadas pelos EUA contabilizaram 2408 mil milhões de dólares, colocando os EUA como o maior importador mundial de mercadorias, com um peso de 13,5% do total de importações a nível global. Dentro da lista dos produtos mais importados por este podemos encontrar categorias como “máquinas e aparelhos”, “veículos automóveis”, “combustíveis minerais” e “produtos químicos”. Assim, é possível ter uma ideia das principais necessidades da maior economia mundial. Ao mesmo tempo, alguns destes produtos também são os que Portugal mais exporta para os EUA.

Segundo os dados relativos a 2020, as principais exportações portuguesas para os EUA foram: “combustíveis minerais”, “máquinas e aparelhos”, “matérias têxteis” e “madeira e cortiça”. No entanto, o perfil dos produtos mais exportados nem sempre foi igual aos dos dias de hoje. Na década de 90, as empresas portuguesas escolhiam exportar para os EUA mercadorias focadas no calçado, cortiça, tecidos e vinhos.

A evolução mostra que os produtos portugueses foram bem aceites na sociedade americana, registando um crescimento médio anual das exportações na ordem dos 2.5% ao longo do período 2015-2020.

Sendo assim, analisando a balança comercial com os EUA, o saldo é claramente positivo para Portugal. Em 2020, as empresas portuguesas exportaram mais de 2,67 mil milhões de euros em mercadorias, enquanto que as importações portuguesas apenas cifraram-se em 1,24 mil milhões de euros.

Estes números elevaram os EUA para a 5ª posição dos mercados mais relevantes para o comércio português de bens. Se retirarmos da equação os mercados da União Europeia, então, os EUA são o primeiro mercado (extra-UE) para o comércio português, posição que tinham perdido para Angola entre os anos de 2008- 2018.

Relativamente às dimensões, em 2019 exportavam para este mercado 3349 empresas portuguesas, das quais mais de 2200 de pequena e média dimensão, demonstrando que não são só as grandes empresas que conseguem penetrar na maior economia mundial. De facto, Portugal é o sétimo país europeu onde as PME têm mais peso no conjunto de todas as empresas que exportam para os Estados Unidos.

Em relação às causas que caraterizam o crescimento das exportações portuguesas para os EUA, podemos afirmar que a mudança de atitude das empresas portuguesas foi um grande passo na abordagem ao mercado americano, onde o design e a modernização são muito importantes, sendo que as empresas portuguesas associaram a tradição à inovação. A indústria têxtil portuguesa ou o sector da joalharia são exemplo dessa mudança, chegando ao mercado com outro posicionamento. Estas empresas optaram por não apostar no valor dos seus produtos, pois não conseguiriam fazer frente aos produtos chineses, mas sim na qualidade e na inovação. Por outro lado, o nascimento de novos negócios em áreas como a biotecnologia ou tecnologias de informação colocou o tecido empresarial português como um dos principais alvos dos investidores americanos

Contudo, outros fatores contribuíram para esta evolução das exportações portuguesas, como a valorização do dólar, que veio tornar os produtos portugueses mais apelativos, chegando aos Estados Unidos com preços mais apetecíveis, ou até mesmo a situação da Angola ou do Brasil, grandes destinos da economia portuguesa, onde a instabilidade fez com que as empresas olhassem para países com menos risco, como os EUA.

Concluindo, na minha opinião, os EUA representam um importante parceiro, no qual o governo português deveria apostar. Portugal, como um país desenvolvido e como o país europeu que se localiza mais perto do EUA, tem todas as caraterísticas para aumentar a sua influência na economia americana, desenvolvendo o papel de fornecedor de matérias-primas com alto valor acrescentado. Para este investimento, deveríamos apoiar os jovens empreendedores nas suas ideias inovadoras que podem alterar positivamente, como no passado, as exportações portuguesas.

 

Paulo Henrique da Costa Gonçalves

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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