quinta-feira, 4 de novembro de 2021

É desejável o aumento do nosso salário mínimo?

      A fixação do salário mínimo encontra-se a encargo do Estado e é, basicamente, o valor mais baixo de salário que os empregadores podem legalmente pagar pelo tempo e esforço gastos na produção de bens e serviços no âmbito nacional, ou seja, o menor valor pelo qual uma pessoa pode vender sua força-de-trabalho.

Neste momento, no nosso país, está em debate a sua subida para 850 euros mensais, encontrando-se nos 665 euros, apesar de se ter acabado de confirmar a subida de 40 euros, mesmo tendo sido chumbado no orçamento.

          Num primeiro ponto de vista, uma subida do mesmo parece ótimo. Parece aumentar o nível de vida e diminuir a pobreza, em geral. Porém, traz consigo pontos que considero negativos.

          No século em que vivemos, existe em praticamente todos os países do mundo, mas nem sempre foi assim. Surgiu na Europa no século XIV e as leis modernas do mesmo datam, na Austrália e Nova Zelândia, dos séculos XIX e XX.

          De acordo com o Pordata, em 2000 mostravamos um salário bastante baixo de 371,27€, ou seja, mais que duplicou até hoje. Nessa análise, cheguei à conclusão que os nossos números eram idênticos à Eslovénia. Mas qual o impacto deste aumento?

          Com o aumento dos salários, as empresas mostram-se menos interessadas em contratar pois produzir torna-se mais caro e os seus lucros são mais baixos. A probabilidade de se criarem vagas de emprego baixa. Daí, os trabalhadores com produtividade inferior à média saem ainda mais prejudicados, ou os que sofrem alguma deficiência, por exemplo, por constituírem o ’grupo mais fraco’ e, em consequência, um alvo fácil para a empresa despedir.

          Quanto à interligação entre salário e salário mínimo, posso constatar que a elasticidade do salário a variações do salário mínimo é naturalmente maior para os trabalhadores que num determinado ano ganham exatamente o salário mínimo. Elasticidade é sinônimo de sensibilidade, o impacto que a alteração numa variável exerce sobre a outra, ou seja, dada uma alteração percentual no salário mínimo, a alteração percentual no salário mostra-se maior para quem ganha exatamente o salário mínimo. Isso traduz um efeito negativo e carateriza, de certa forma, o mercado de trabalho em Portugal, com elevada rotatividade de emprego.

          Outro aspeto a ter em conta é que o aumento do salário nem sempre significa um aumento do poder de compra, pois, por vezes e devido à inflação, os preços estão a aumentar mais do que o aumento salarial, trazendo como consequência, o descrésimo do salário real, que é o que realmente importa e, devido ao mesmo, a queda do poder de compra.

          Mesmo ao ter em conta tudo isto, considero a politica do salário mínimo de elevada importância e faço parte dos seus defensores. Sem a mesma, poderia haver empresas que deixassem de parte o seu lado ético e começassem a pagar menos que o justo. Isso levaria a demasiada oferta de trabalho em relação à procura por não haver um pagamento mínimo por essa força de trabalho. Serve, por esse lado, de um incentivo aos trabalhadores ou a quem está a tentar entrar no mercado de trabalho e tem um imenso papel na sociedade moderna em que vivemos. Caso não aplicássemos essa politica é que estaríamos atrasados comparativamente a todos os outros.

          Esta medida ajuda a que cada pessoa tente criar as suas poupanças, ao mesmo tempo que estimula o consumo e, inevitavelmente, o comércio, a circulação nos mercados. E, como já é do nosso conhecimento, este impacto não se vê apenas na região mas cada vez mais se propaga, ao permitir o estimulo do investimento e, por consequência, a continuação do aumento das atividades.

 

Rafaela Bastos 

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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