Nas últimas semanas, a crise energética e o aumento dos preços dos combustíveis têm dominado todos os noticiários e tabloides. A eletricidade bateu recordes, já se verificaram apagões energéticos e as reservas de gás europeias estão escassas numa época em que o inverno ainda não atingiu os países europeus. Paralelamente, o preço das matérias-primas energéticas disparou, provocando um aumento brutal das energias e, consequentemente, levando a um aumento desmedido do custo de vida.
Atualmente, a procura de energia aumentou
devido, essencialmente, à pandemia, que obrigou a população a permanecer nas
suas casas por muito mais tempo, mas também ao aumento da procura de energia
por parte dos clientes asiáticos. Simultaneamente, a oferta diminuiu, uma
vez que a produção de uma dar maiores fontes de energia, o gás, também
diminuiu, contribuindo ainda
mais para este desequilíbrio. Assim, o preço da eletricidade tem vindo a subir
drasticamente, em consequência dos preços de gás natural, que contribui para
mais de um quinto da eletricidade consumida na Europa.
Posto isto, neste momento, a Europa não
consegue satisfazer a totalidade da oferta o que, aliado ao aumento da procura,
levou a um crescimento estrondoso dos preços e a conflitos no fornecimento de
energia. Neste contexto, o papel dos estados tem sido significativo, já que, numa
tentativa de proteger os consumidores, têm sido criados subsídios e cortados
alguns impostos. Contudo, considero que tal nem sempre resulta no efeito esperado.
Face a todos os problemas ambientais que têm
surgido ao longo das últimas décadas e que estão previstos, a Europa tem
trabalhado no sentido de substituir a produção e consumo de energias fósseis
por energias verdes. De facto, a União Europeia, progressivamente, tem
pressionado os países de forma a diminuírem as emissões poluentes. Cada vez
mais surgem propostas nesse sentido, desde a expansão do sistema de comércio de
emissões de gases com efeito de estufa à proibição de carros movidos a combustíveis
fósseis.
Contudo, é também relevante destacar que esta
transição energética terá custos, como energia mais cara, bens e produtos mais
caros e, ainda, perda de postos de trabalho. Outra grande adversidade a
considerar neste contexto de transição relaciona-se com o facto de a produção
de energia verde não acompanhar as necessidades de consumo da população.
Por outro lado, vários países europeus
contestam as metas energéticas e climáticas da União Europeia, uma vez que
grande parte da população está empregue em indústrias ligadas aos combustíveis
fósseis. Alguns defendem que o aumento dos preços da energia é temporário e
resultante da retoma da economia, da fraca produção de energia eólica ou verde
e da acelerada transição energética. A verdade é que, no curto prazo, a subida
de preços tem impacto negativo na economia por diversas vias, desde a restrição
colocada ao nível de consumo das famílias até à redução de produção por parte
das empresas.
Na minha opinião, é aqui que se define a
intervenção do Estado. Os governos devem tentar, ao máximo, que a população
comece a optar por escolhas mais sustentáveis. O método mais eficiente de
defesa do custo dos combustíveis fósseis, no contexto português, é aumentar a
produção de eletricidade através de fontes renováveis.
A curto prazo, considero que os governos devem apoiar e subsidiar quem realmente sofre com estas oscilações de preços. Porém, as medidas de médio e longo prazo devem focar-se no aumento e melhoria da produção de eletricidade a partir de fontes renováveis. Desta forma, será, também, possível num futuro mais próximo que, tanto Portugal como a Europa, produzam de forma mais sustentável e ecológica, evitando crises ambientais.
Margarida
Pinto
[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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