segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Aumento da média das idades das mães aquando o nascimento do 1º filho

Nas últimas décadas, a idade das mulheres terem o primeiro filho aumentou drasticamente, principalmente em Portugal, afetando o crescimento demográfico e envelhecimento da população, principalmente a nível europeu. Deste facto resulta um envelhecimento da população visto que não existe nenhum país que consiga assegurar a substituição das gerações (acabam por morrer mais pessoas por ano do que aquelas que nascem).

Portugal tem um problema bastante grave, uma vez que tem um dos Índices Sintéticos de Fecundidade mais baixos da União Europeia, registando o valor de 1,42, em 2019. Um dos fatores que mais contribui para esse valor é a idade com a qual as mulheres têm o primeiro filho, sendo que se as mulheres tiverem o primeiro filho numa idade avançada, esta encontrar-se-á próxima do limite biológico de fertilidade e diminuirá as possibilidades de terem mais filhos. O Índice Sintético de Fecundidade de Portugal encontra-se tão baixo graças ao facto de haver muitas famílias com filhos únicos, o que pode ocorrer, principalmente, devido à idade média da mulher no nascimento do primeiro filho se encontrar perto dos 30 (dados de 2019). Assim sendo, quais serão as causas de tal realidade?

O adiamento da maternidade é, muitas vezes, associado às crises financeiras, uma vez que estas trazem elevados níveis de desemprego, emigração e instabilidade social, que podem levar os casais a repensar e adiar o nascimento dos filhos. No entanto, se esta fosse a única razão então devíamos verificar oscilações, ao longo dos anos, tanto no Índice Sintético de Fecundidade como na idade das mulheres. Deduzimos, então, que existem outros fatores que influenciam os valores referidos, como por exemplo o estilo de vida da sociedade.

Com o passar dos anos, as mulheres começaram a dar mais prioridade aos seus estudos e a prolongá-los (existem cada vez mais mulheres a prolongar os seus estudos e entrar nas universidades), adiando, de certa forma, a sua passagem para a vida adulta. Para além disso, começaram, também, a preocupar-se cada vez mais com a entrada no mercado de trabalho e com a sua carreira profissional. Adicionalmente, os casais atuais têm mais receio do que poderá ocorrer no futuro, pelo que aproveitam ao máximo o presente e evitam tomar decisões que os possam prender eternamente, ou seja, eles têm como prioridades viajar, planificar carreira e aproveitar a vida.

Quanto às desvantagens de adiar a formação de família, podemos verificar que têm vindo a diminuir, principalmente devido aos avanços na medicina. Por exemplo, antigamente ter uma gravidez numa idade avançada apresentava um grande risco para a saúde da grávida, no entanto, recentemente, as grávidas são cada vez mais acompanhadas e existem muitos mais tratamentos. Outro exemplo de uma desvantagem é a preocupação da diferença de idade entre os pais e a criança, dado que se torna mais difícil acompanhar o crescimento do bebé. No entanto, com o aumento da esperança média de vida este cenário deixou de ser tão preocupante, dado que a probabilidade de convivência com os filhos é maior. A única desvantagem existente acaba por ser a dificuldade para os casais conceber um segundo filho, se desejarem.

Na minha opinião, a subida da idade média de gerar o primeiro filho era inevitável, principalmente devido à alteração das prioridades das gerações atuais e à quantidade de dinheiro e disponibilidade que se tem que ter para cuidar de uma criança. Isto acontece porque o Estado, apesar de conceber ajudas, estas acabam por não ser suficientes, tanto financeiramente como temporalmente, e a pouca flexibilidade dos trabalhos não permite passar o tempo necessário em família. Por essa razão, os casais estão a abdicar de alguns anos de família para poderem aproveitar, poupar e assentar antes de arrecadar com uma grande responsabilidade que um filho representa.

 

Bárbara Labajos 

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]  

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