O impacte da pandemia é visível em vários panoramas, seguindo o setor da energia a mesma simetria. Como consequência da crise energética, é previsto que a procura por petróleo e gás natural aumente e impulsione a inflação e desacelere a recuperação mundial pós-pandemia. Tudo isto devido ao aumento exponencial dos preços do petróleo e gás natural, batendo recordes à medida que a escassez destes recursos atinge a Ásia e a Europa.
Já tinha sido previsto que a crise
energética teria uma repercussão em todos os tipos de setores e por motivos
muito diversos. O choque da crise tem revelado um embate nos preços até de
fertilizantes, consequentemente causando o aumento do preço dos alimentos. Para
além disso, muito se fala do papel da China nesta crise, sendo a “fábrica do
mundo” e principal fornecedora de relevância internacional, o seu setor
industrial está a ser confrontado com os custos energéticos, resultando no aumento
do preço na exportação dos produtos. As estimativas mostram que o Índice de Preços
no Consumidor terá um crecimento, na Zona Euro, de 3,4%, o que representa as
sequelas que as famílias ao longo da Europa irão sofrer. Se a escassez de
combustíveis trouxe uma paragem da economia, então agora com o aumento dos
preços da energia vai trazer preços altos e, gradualmente, a diminuição da
procura.
Em Portugal, do meu ponto de vista, o
governo tem tido uma participação ativa e transparente relativa a esta
emergência climática. O primeiro-ministro refere que serão adotadas medidas
sustentáveis, sendo a devolução da receita extraordinária arrecadada em IVA
através do aumento do preço dos combustíveis uma medida já em vigor. A atuação
rápida do nosso país pode ser fundamental para a alavancagem do crescimento
económico pós-pandemia em relação aos outros países da Zona Euro.
Dentro do papel ativo na frente contra
esta crise, o governo português questiona ainda a maneira como a União Europeia
apresenta a formação de preços da energia, pedindo a revisão dos mesmos,
argumentando que essas medidas já foram adotadas no passado e não trazem nenhum
conteúdo progressista. Afirma também que ser dependente da Rússia, Turquia e
Argélia não é o ideal, e que a relação transatlântica deve ser reforçada.
Não obstante, somos dos poucos países
que nunca esconderam as consequências desta crise, apontando ainda a
diversificação das fontes energéticas, como a aposta no hidrogénio verde. Na
minha convicção, o papel do governo português, dentro das inúmeras preocupações
que existem no momento, está a ser notável, procurando impor-se dentro da União
Europeia e marcar posição.
A crise energética sempre foi um problema alertado
pelos economistas. No entanto, com a
pandemia, ficou em segundo plano e começou a atuar silenciosamente. Agora, em
primeiro plano, destaca-se como um dos maiores entraves à recuperação dos
países no pós-pandemia. Enquanto isso, Portugal destaca-se no debate franco e
inovador no combate à mesma.
Andreia Filipa Cerqueira Moreira
Bibliografia
https://www.jornaldenegocios.pt/empresas/detalhe/costa-quer-que-a-ue-reveja-mecanismo-de-formacao-de-precos-da-energia
[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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