segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Será o governo português a bússola para o caminho nesta crise energética?

           O impacte da pandemia é visível em vários panoramas, seguindo o setor da energia a mesma simetria. Como consequência da crise energética, é previsto que a procura por petróleo e gás natural aumente e impulsione a inflação e desacelere a recuperação mundial pós-pandemia. Tudo isto devido ao aumento exponencial dos preços do petróleo e gás natural, batendo recordes à medida que a escassez destes recursos atinge a Ásia e a Europa.

          Já tinha sido previsto que a crise energética teria uma repercussão em todos os tipos de setores e por motivos muito diversos. O choque da crise tem revelado um embate nos preços até de fertilizantes, consequentemente causando o aumento do preço dos alimentos. Para além disso, muito se fala do papel da China nesta crise, sendo a “fábrica do mundo” e principal fornecedora de relevância internacional, o seu setor industrial está a ser confrontado com os custos energéticos, resultando no aumento do preço na exportação dos produtos. As estimativas mostram que o Índice de Preços no Consumidor terá um crecimento, na Zona Euro, de 3,4%, o que representa as sequelas que as famílias ao longo da Europa irão sofrer. Se a escassez de combustíveis trouxe uma paragem da economia, então agora com o aumento dos preços da energia vai trazer preços altos e, gradualmente, a diminuição da procura.

          Em Portugal, do meu ponto de vista, o governo tem tido uma participação ativa e transparente relativa a esta emergência climática. O primeiro-ministro refere que serão adotadas medidas sustentáveis, sendo a devolução da receita extraordinária arrecadada em IVA através do aumento do preço dos combustíveis uma medida já em vigor. A atuação rápida do nosso país pode ser fundamental para a alavancagem do crescimento económico pós-pandemia em relação aos outros países da Zona Euro.

          Dentro do papel ativo na frente contra esta crise, o governo português questiona ainda a maneira como a União Europeia apresenta a formação de preços da energia, pedindo a revisão dos mesmos, argumentando que essas medidas já foram adotadas no passado e não trazem nenhum conteúdo progressista. Afirma também que ser dependente da Rússia, Turquia e Argélia não é o ideal, e que a relação transatlântica deve ser reforçada.

          Não obstante, somos dos poucos países que nunca esconderam as consequências desta crise, apontando ainda a diversificação das fontes energéticas, como a aposta no hidrogénio verde. Na minha convicção, o papel do governo português, dentro das inúmeras preocupações que existem no momento, está a ser notável, procurando impor-se dentro da União Europeia e marcar posição.

A crise energética sempre foi um problema alertado pelos economistas.  No entanto, com a pandemia, ficou em segundo plano e começou a atuar silenciosamente. Agora, em primeiro plano, destaca-se como um dos maiores entraves à recuperação dos países no pós-pandemia. Enquanto isso, Portugal destaca-se no debate franco e inovador no combate à mesma.

 

Andreia Filipa Cerqueira Moreira

Bibliografia

https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/crise-energetica-ameaca-precos-dos-alimentos-e-impacta-nas-varias-industrias-793684

https://www.jornaldenegocios.pt/empresas/energia/detalhe/costa-promete-novas-medidas-para-a-crise-energetica-ate-ao-final-da-semana

https://www.jornaldenegocios.pt/empresas/detalhe/costa-quer-que-a-ue-reveja-mecanismo-de-formacao-de-precos-da-energia

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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