A semana de
trabalho de 5 dias foi praticada pela primeira vez em 1908 numa fábrica de
algodão na Nova Inglaterra. Mais tarde Henry Ford, em 1926 começou a fechar a
sua fábrica aos Sábados e Domingos, com o intuito de aumentar a produtividade
dos seus trabalhadores. Esta alteração, que hoje tomamos por garantida, foi na
altura algo que levantou críticas a Ford. Na mesma altura, o economista John
Maynard Keynes também previa que no futuro íamos acabar a trabalhar apenas 15
horas por semana. Mas será que a semana de apenas 4 dias de trabalho também se
tornará uma realidade no futuro, como outrora se tornou a semana de 5 dias?
Esta redução do
horário de trabalho, hoje em dia, seria apenas possível com a redução do
salário ou através da divisão das horas de trabalho correspondentes a um dia
pelos outros 4 dias de trabalho. Os proponentes desta alteração da semana de
trabalho acreditam que esta redução levaria a um aumento da produtividade, o
que permitiria ao empregador pagar o mesmo por apenas 4 dias de trabalho, sem
que o horário de trabalho seja aumentado nesses dias.
Ou seja, o fator
central desta medida, reside na produtividade, e se as vantagens associadas a
um dia adicional de lazer, que, supostamente, levariam a um aumento de
produtividade dos trabalhadores. Este aumento de produtividade foi verificado
em duas empresas que reduziram o seu horário de trabalho mantendo o mesmo
salário: a primeira, uma empresa neozelandesa, Perpetual Gardening, que encontrou um aumento de 20% de
produtividade; outro exemplo foi o teste feito pela Microsoft no Japão, que registou um aumento na produtividade na
ordem dos 40%. Associado ao aumento de produtividade. foi registado menos stress e maior satisfação dos
trabalhadores em relação aos seus trabalhos.
Mas uma diminuição
do horário de trabalho pode acarretar um aumento da pressão para realizar a
mesma quantidade de trabalho em menos tempo. Especialmente quando tomamos em
conta as diferenças de produtividade entre países ou sectores de indústria,
esta alteração poderia levar a um aumento das desigualdades, aumentando ainda
mais o fosso de competitividade entre estes.
A principal
vantagem para os trabalhadores é o aumento de tempo livre, que estes podem
utilizar para a sua família, lazer e desporto, entre outras atividades, tendo
este um efeito na saúde física e mental, algo que procuramos cada vez mais
valorizar nas nossas sociedades. Outra vantagem relaciona-se com o
desenvolvimento da automação. Uma diminuição do horário de trabalho associada
ao aumento da produtividade, devido a automação, pode ser a solução para a
manutenção de postos de trabalho.
A nível económico, um dia a menos de trabalho significaria uma redução dos gastos com energia e eletricidade, na ordem dos 20%, de acordo com a US Energy Information Association, sendo isto uma vantagem se ocorrer o aumento de produtividade. Um fim-de-semana mais prolongado também seria um estímulo importante ao turismo, especialmente após a crise pandémica, devido à valorização do turismo doméstico.
Hoje em dia,
qualquer discussão que façamos sobre o horário de trabalho terá que assentar no
balanço trabalho-vida, para que não só tenhamos uma maior produtividade nas
nossas economias mas, também, uma maior satisfação humana nesta dimensão
importante da nossa vida. Tal como Henry Ford disse: “é altura de perdermos a
noção de que o lazer de um trabalhador é tempo perdido ou um privilégio de uma
classe”.
João Lopes
https://applied.economist.com/articles/four-day-week
https://blog.abacus.com/heres-how-much-a-4-day-work-week-saves-on-business-expenses/
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