A pandemia da COVID-19 é,
atualmente, um problema mundial. O seu efeito não se reflete apenas em termos
físicos, como também constitui uma enorme adversidade na economia global. A
quase impossibilidade do trabalho levou a produções muito reduzidas ou até ao
encerramento de serviços. Com estas condições desfavoráveis, muitas empresas recorreram
ao despedimento de trabalhadores ou entraram até em insolvência.
Optei por este tema
devido à relevância que ainda possui na atualidade. Penso que é uma situação
que ainda hoje afeta grande parte da população, pois há muitas famílias que
perderam a sua fonte de rendimento e encontram-se, até, em risco de pobreza.
O grande entrave no
combate a esta crise em termos económicos é que é global, ao contrário da crise
mais recente em Portugal (da Troika), que era apenas nacional, ou seja, ainda
havia oportunidades no mercado externo e produtores estrangeiros baseados no
nosso território, o que facilitou, de certa forma, o combate ao desemprego e à
recessão presente nessa altura.
Passando agora para a
situação do desemprego em 2020, registamos que, sem surpresa, o total do
desemprego subiu para 353 mil (em 15/4), segundo os dados do Instituto do
Emprego e Formação Profissional (IEFP). No entanto, é de notar que este valor
acaba por não refletir a realidade, já que não tem em conta o recurso ao
mecanismo do layoff, que, por sua
vez, abrangia mais de 930 mil trabalhadores. Este mecanismo corresponde à
suspensão dos contratos dos funcionários ou apenas a uma redução do seu horário
de trabalho, e, portanto, acaba por ser um amortecedor no número de pedidos de
subsídio de desemprego e na manutenção dos postos de trabalho.
Esta queda notável no número
de postos de trabalho colocou parte das famílias com diminuição de rendimento
disponível ou numa posição de incerteza quanto à sua situação financeira futura.
Este fator constitui mais uma complicação no que toca ao consumo, já que a
população estará motivada a ter uma maior poupança, levando a menos comércio e
menos investimento. Isto foi mais acentuado nos setores ligados ao turismo e
restauração, uma vez que mesmo após a retirada das condicionaste legais que
levaram ao encerramento dos estabelecimentos estes sentiram grandes
dificuldades face ao efeito psicológico que a pandemia causou.
Se considerarmos que a
recuperação da taxa de desemprego que ocorreu em Portugal nos anos pós-Troika
se deveu muito ao crescimento do emprego nos setores atrás referidos, é
facilmente expectável que uma parte significativa dos postos criados será
eliminada. Tendo sido o setor do turismo a grande aposta na recuperação da
economia portuguesa nos últimos anos, onde se verificou um grande incremento no
fluxo de turistas estrangeiros, também aqui se sentiram os efeitos da pandemia
através das restrições à deslocação para fora dos seus países.
A
procura turística em Portugal (consumo por parte de estrangeiros e residentes)
caiu 50,4% para 16,3 mil milhões de euros no ano passado devido à pandemia de covid-19, o que representa uma diminuição de 16,5 mil
milhões de euros para o sector. Os dados, preliminares, constam da conta satélite
do turismo elaborada pelo INE. Logo, a procura não foi a suficiente para
assegurar a manutenção dos postos de trabalho neste setor.
O setor de restauração,
também muito dependente do turismo, sentiu o mesmo choque, com uma brusca
redução do número de clientes, e com um aumento significativo das insolvências
neste setor. Registou-se uma queda de 43,5% na faturação, no que ao setor da
restauração diz respeito. Estes valores, relativos a 2020, traduzem-se em 2625
milhões de euros, surgindo numa altura em que o crescimento vinha a ser
contínuo e que, em 2019, o setor tinha atingido os 4645 milhões de euros, um
aumento de 4% face a 2018.
Estes efeitos
devastadores ainda se sentem hoje tanto na economia nacional como também a
nível global, e vai ser um problema que ainda nos afetará durante muitos anos.
Tiago
Teixeira
[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
Sem comentários:
Enviar um comentário