Sendo um tema que muitas vezes tem sido esquecido, por assim dizer, começa a tornar-se um assunto cada vez mais preocupante e medidas terão de ser tomadas para contrariar o rumo que se está a criar.
Existem várias razões que
explicam o envelhecimento da nossa população, nomeadamente: melhoria dos cuidados de saúde; a enorme queda
da mortalidade em idade precoce e a partir do momento que uma pessoa atinge os
65 anos vive mais tempo (aumento da esperança média de vida, que também pode
ser explicada pelas melhorias que houveram na saúde); diminuição da fecundidade
- em 1960, a média de filhos de uma mulher na idade fértil era de 3,2, em 1985
atingiu 2, o que é abaixo do limite de 2,1 que é o valor a partir do qual existe
uma diminuição da população, e em 2015 era de apenas 1,3; e, por fim, um
aumento de emigrantes, que por norma são pessoas em idade ativa, em que se
estima que mais de 2 milhões emigraram e apenas 1,2 milhões imigraram.
Em Portugal de 1960, os
idosos ocupavam apenas 12% da população total e o país encontrava-se em
vigésimo terceiro no ranking de países
mais idosos. Em 2015, os idosos já correspondiam a 21% da população e o ranking agora era terceiro. Estudos
estimam que, em 2080, estes ocupem 37% da população total. O que torna o
envelhecimento da população um problema tão alarmante são vários motivos,
entres os quais: dificuldade de pessoas de idade mais avançada ainda em
atividade arranjarem empregos, com muitas empresas a dar preferência a pessoas
mais jovens; dificuldades dos mesmos em adaptarem-se às mudanças mais recentes,
com os empregos a requisitarem cada vez mais capacidade de falar inglês e
outras línguas, e avontade com as novas tecnologias... uma capacidade que é de
maior facilidade para pessoas mais jovens; também o nosso sistema de segurança
social pode vacilar.
Sabemos que a população
ativa é que sustenta os apoios sociais dos reformados, no entanto, com os
idosos a ocuparem uma percentagem cada vez maior da população total, pode-se
chegar a um ponto em que a população ativa não consiga cobrir todas as
despesas, criando um grande problema económico; e a nível de saúde esta faixa
etária também requer uma maior monitorização, necessidades mais complexas com
cuidados integrados, pessoal treinado e estruturas de apoio a longo-prazo.
Algumas medidas que podem
ser tomadas para combater o envelhecimento, para que se evitem desaires
económicos e sociais, são as seguintes: implementação de políticas publicas dirigidas
às áreas sociais e de saúde, com especial atenção ao grupo de idosos mais
vulneráveis e com maior nível de dependência e se garanta a sustentabilidade
financeira a médio e longo prazos do sistema de segurança social;
descentralizar os prestadores de serviços sociais, com reforço das instituições
locais, se possível com o apoio das autarquias locais, potenciando os escassos
recursos afetos ao apoio às família e ao combate à pobreza; adoção pelo Estado
de ações que promovam um adequado planeamento, afetação e racionalização dos
recursos envolvidos, procurando um aumento da eficácia das respostas sociais
dos portugueses; criação de estímulos ao envelhecimento ativo recorrendo à
participação da população mais idosa na continuação voluntária da sua vida
ativa; promoção da natalidade e do apoio à família via fiscal; prosseguir
políticas de crescimento económico e criação de empregos, permitindo assim aos
jovens assentarem no mercado de trabalho nacional.
Em suma, este combate é
um processo longo e demorado. Daí, ser cada vez mais urgente começar a tomar
certas medidas antes que seja tarde demais, de modo a evitar um desastre
económico ou, mesmo, social.
HUGO FARIA
[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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