terça-feira, 23 de novembro de 2021

Serão as ´Smart Cities` o futuro próximo de Portugal?

           O desenvolvimento tecnológico é o nosso futuro e todas as atividades económicas portuguesas estão dependentes desta realidade incontornável. Por isso, é importante que Portugal acompanhe esta evolução e aposte mais em tecnologia. Contudo, estaremos no caminho certo?

Partindo da iniciativa da Associação Industrial Portuguesa (AIP), realizou-se o Portugal Smart Cities Summit, nos dias 16 a 18 de novembro de 2021, na Feira Internacional de Lisboa. Este é um evento nacional dedicado à criação de oportunidades de negócios entre diferentes agentes e países, que tem como objetivo debater o futuro tecnológico das cidades e melhorar a vida dos cidadãos. Mas o que são Smart Cities?

Segundo a União Europeia, “uma cidade inteligente é um local onde as redes e serviços tradicionais se tornam mais eficientes com a utilização de soluções digitais em benefício dos seus habitantes e empresas”. Basicamente, o conceito de Smart Cities está relacionado com a eficiência, a mobilidade, a sustentabilidade e as plataformas digitais.

A verdade é que, hoje, mais de metade da população mundial vive em grandes centros urbanos, e a tendência é que aumente: segundo as Nações Unidas, prevê-se que as cidades abriguem 70% da população mundial até 2050. Daqui, surgem sérios desafios de gestão autárquica, principalmente no que respeita a condições ambientais e de bem-estar da população.

Todos sabem que o mundo enfrenta uma emergência climática e eu acredito que cada uma das cidades tem um papel importantíssimo na resposta a este desafio. É necessário mudar a forma como vivemos, de maneira a construir um futuro mais sustentável e mais inovador. Neste sentido, as autarquias devem desenvolver estratégias para tornar as cidades mais inteligentes e sustentáveis, como, por exemplo: promoção do acesso às tecnologias e transformação digital de forma generalizada; melhoria dos serviços de mobilidade e planeamento estratégico de cada município; otimização dos recursos e maior transparência; e promoção de parcerias com empresas e medidas que incentivem o investimento, estimulando o empreendedorismo urbano.

Serão as Smart Cities o futuro próximo de Portugal? Na realidade, já são algumas as cidades portuguesas que, mesmo sendo de pequena dimensão, estão a desenvolver projetos e soluções ao nível da inteligência urbana. Alguns exemplos são: Leiria (vertente tecnológica e industrial), Viseu (mobilidade inteligente), Águeda (transparência digital), Torres Vedras (sustentabilidade energética) e Penela (desenvolvimento económico rural). Também temos casos mais óbvios, como: Cascais (primeira “cidade experimental” para startups e uma das mais avançadas Smart Cities de Portugal), Porto (pertence aos líderes do ranking nacional de municípios inteligentes), Aveiro (inteligência urbana - infraestruturas, ambiente, energia) e Coimbra (mobilidade sustentável).

No entanto, considero que ainda existem alguns desafios na criação deste tipo de cidades, como, por exemplo, a fraca capacidade de liderança dos políticos portugueses (falhas em dar feedback, em ouvir o outro e em exercer a pressão certa para cada ocasião) e a desconfiança da população perante a segurança das tecnologias. Mas, como para todos os problemas existem soluções, este percurso de desenvolvimento tecnológico pode assentar em três pilares:

- Dados estatísticos: informação que, depois de recolhida e analisada, melhora a capacidade de tomada de decisão;

- Conectividade entre regiões: procurar sinergias que ultrapassem a geografia da respetiva cidade, de forma a alinhar estratégias com empresas e/ou outros municípios que tenham objetivos comuns e, também, para que toda a população tenha acesso às mesmas infraestruturas;

- Competências tecnológicas: sem conhecimento tecnológico e digital, não é possível acompanhar a evolução – devemos promover a capacitação de recursos humanos; além disso, importa reforçar a segurança da Internet, numa tentativa de reduzir a desconfiança das pessoas.

Em suma, acredito que a existência de Smart Cities já é uma realidade em Portugal. Ainda assim, futuramente, há muito a melhorar neste sentido, nomeadamente no que toca à atração de investimento para as TIC e I&D e à redução da desigualdade no acesso a infraestruturas no território português.


Marisa Moreira

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]   

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