O desenvolvimento tecnológico é o nosso futuro e todas as atividades económicas portuguesas estão dependentes desta realidade incontornável. Por isso, é importante que Portugal acompanhe esta evolução e aposte mais em tecnologia. Contudo, estaremos no caminho certo?
Partindo
da iniciativa da Associação Industrial Portuguesa (AIP), realizou-se o Portugal Smart Cities Summit, nos dias
16 a 18 de novembro de 2021, na Feira Internacional de Lisboa. Este é um evento
nacional dedicado à criação de oportunidades de negócios entre diferentes
agentes e países, que tem como objetivo debater o futuro tecnológico das cidades
e melhorar a vida dos cidadãos. Mas o que são Smart Cities?
Segundo
a União Europeia, “uma cidade inteligente é um local onde as redes e serviços
tradicionais se tornam mais eficientes com a utilização de soluções digitais em
benefício dos seus habitantes e empresas”. Basicamente, o conceito de Smart Cities está relacionado com a
eficiência, a mobilidade, a sustentabilidade e as plataformas digitais.
A
verdade é que, hoje, mais de metade da população mundial vive em grandes
centros urbanos, e a tendência é que aumente: segundo as Nações Unidas, prevê-se
que as cidades abriguem 70% da população mundial até 2050. Daqui, surgem sérios
desafios de gestão autárquica, principalmente no que respeita a condições
ambientais e de bem-estar da população.
Todos
sabem que o mundo enfrenta uma emergência climática e eu acredito que cada uma
das cidades tem um papel importantíssimo na resposta a este desafio. É
necessário mudar a forma como vivemos, de maneira a construir um futuro mais
sustentável e mais inovador. Neste sentido, as autarquias devem desenvolver
estratégias para tornar as cidades mais inteligentes e sustentáveis, como, por
exemplo: promoção do acesso às tecnologias e transformação digital de forma
generalizada; melhoria dos serviços de mobilidade e planeamento estratégico de cada
município; otimização dos recursos e maior transparência; e promoção de
parcerias com empresas e medidas que incentivem o investimento, estimulando o
empreendedorismo urbano.
Serão
as Smart Cities o futuro próximo de
Portugal? Na realidade, já são algumas as cidades portuguesas que, mesmo sendo
de pequena dimensão, estão a desenvolver projetos e soluções ao nível da
inteligência urbana. Alguns exemplos são: Leiria (vertente tecnológica e
industrial), Viseu (mobilidade inteligente), Águeda (transparência digital), Torres
Vedras (sustentabilidade energética) e Penela (desenvolvimento económico rural).
Também temos casos mais óbvios, como: Cascais (primeira “cidade experimental”
para startups e uma das mais avançadas
Smart Cities de Portugal), Porto (pertence
aos líderes do ranking nacional de
municípios inteligentes), Aveiro (inteligência urbana - infraestruturas,
ambiente, energia) e Coimbra (mobilidade sustentável).
No
entanto, considero que ainda existem alguns desafios na criação deste tipo de
cidades, como, por exemplo, a fraca capacidade de liderança dos políticos
portugueses (falhas em dar feedback,
em ouvir o outro e em exercer a pressão certa para cada ocasião) e a desconfiança
da população perante a segurança das tecnologias. Mas, como para todos os
problemas existem soluções, este percurso de desenvolvimento tecnológico pode
assentar em três pilares:
-
Dados estatísticos: informação que, depois de recolhida e analisada, melhora a
capacidade de tomada de decisão;
-
Conectividade entre regiões: procurar sinergias que ultrapassem a geografia da respetiva
cidade, de forma a alinhar estratégias com empresas e/ou outros municípios que
tenham objetivos comuns e, também, para que toda a população tenha acesso às
mesmas infraestruturas;
-
Competências tecnológicas: sem conhecimento tecnológico e digital, não é
possível acompanhar a evolução – devemos promover a capacitação de recursos
humanos; além disso, importa reforçar a segurança da Internet, numa tentativa
de reduzir a desconfiança das pessoas.
Em suma, acredito que a existência de Smart Cities já é uma realidade em Portugal. Ainda assim, futuramente, há muito a melhorar neste sentido, nomeadamente no que toca à atração de investimento para as TIC e I&D e à redução da desigualdade no acesso a infraestruturas no território português.
Marisa Moreira
[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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