A
implementação de um fuso horário único na União Europeia é um tema que está
longe de reunir um consenso. De seis em seis meses, ano após ano, os ponteiros
do relógio atrasam e adiantam uma hora. Este hábito de mudar a hora começou durante
a Primeira Guerra Mundial, com o intuito de poupar carvão. Esta medida e
propósito continuam a manter-se, de forma a maximizar a utilização da luz do
dia e assim, poupar energia. No entanto, em 2018, foi feita uma consulta pública
junto dos cidadãos da União Europeia. Dois dos estados-membros, a Finlândia e a
Lituânia, mostraram algum desconforto com a mudança horária.
Na
consulta pública, foi questionado aos cidadãos se preferiam um único horário ou
continuar com o método implementado. Das 4,6 milhões de respostas, (sendo a consulta
pública mais participada de sempre), 84% optavam pela abolição da mudança de
hora. Mas o resultado do inquérito mostra realmente a opinião da generalidade dos
cidadãos europeus?
Este
resultado representa apenas a opinião das pessoas que tinham conhecimento do
inquérito e votaram, não da opinião média dos europeus. Ainda assim, o
presidente da Comissão Europeia (Jean-Claude Juncker), anunciou que a vontade
dos europeus iria ser respeitada. Assim sendo, deu justificações para acabar
com a mudança do fuso horário, como: as consequências adversas para a saúde; o
aumento dos acidentes rodoviários; e a falta de poupanças de energia.
No
caso de Portugal, a decisão está tomada: António Costa defende que tudo deve
ficar como está. Segundo o líder do executivo português, “Se a ciência entende
que o regime horário mais adequado é este, quem sou eu para dizer o contrário?”.
Portanto, Bruxelas, na prática, pode decidir implementar um único fuso horário
todo o ano. No entanto, não pode tomar essa decisão por cada estado-membro,
pois isso compete a cada país. Porém, todos os países têm de tomar a mesma
opção. Mas, se fosse para implementar um único fuso horário, qual seria a
melhor opção? Horário de verão ou horário de inverno?
Se
o horário de verão fosse o escolhido, em dezembro, o Sol iria nascer próximo
das 9h00, durante quatro meses. Segundo os especialistas, as crianças seriam as
mais afetadas, pois uma criança que chegue à escola ao amanhecer iria estar
menos desperta do que uma criança privada de luz solar ao acordar. Assim sendo,
as funções cognitivas iriam estar menos apuradas, as crianças mais sonolentas e,
consequentemente, teriam menos rendimento escolar (sobretudo nas primeiras
horas da manhã). Por outro lado, os adultos também necessitam da luz solar para
despertar.
Se
a decisão recaísse no horário de inverno, o Sol iria nascer às 5h00 da manhã, o
que faria com que houvesse falta de aproveitamento de luz solar. Para além de
que o Sol iria pôr-se uma hora mais cedo. Para os especialistas, esta opção
também iria acarretar efeitos negativos em certos negócios e em estilos de vida
mais saudáveis. Isto porque, por exemplo, se os trabalhadores saíssem do emprego
e ainda estiver de dia, iriam querer praticar atividades de lazer ligadas à saúde.
Porém, muitos negócios dependem do facto das pessoas quererem andar na rua. Portanto,
se o horário de inverno fosse implementado, iriam surgir efeitos negativos no
bem-estar e na economia.
Em
suma, considero que a mudança de horário é a melhor opção porque o nosso relógio
biológico está ligado ao mundo exterior pela retina e a mudança permite uma boa
adaptação ao ritmo solar. Esta transição, que ocorre de seis em seis meses,
pode gerar alguns efeitos, porém, apenas na altura da mudança, até porque nada
se compara aos efeitos de viver em contraciclo com a luz solar. Importa ter
presente que existem vários fusos horários dentro da EU, de que derivam efeitos
económicos. Da gestão destas diferenças pode resultar descoordenação, que poderia
custar largos milhões de euros à economia Europeia e, consequentemente,
mundial.
Carlota Moreira
[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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