O e-commerce é um conceito que se tem vindo a utilizar com mais frequência. Napier et al. (2006) consideram que não é apenas a compra e venda de bens, mas um conjunto de pessoas associadas ao e-commerce, bem como a entrega de informações e prestação de serviços.
O Eurostat e os membros da União Europeia (UE) recorrem à
definição proposta pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Económico (OCDE) afirmando que “uma transação de comércio eletrónico é a venda
ou compra de bens ou serviços, realizada por redes de computadores, por métodos
especificamente projetados para o propósito de receber ou colocar ordens. Os
bens ou serviços são ordenados por esses métodos, mas o pagamento e a entrega
final dos bens ou dos serviços não precisam de ser realizados online. Uma transação de comércio
eletrónico pode ser entre empresas, famílias, indivíduos, governos e outros
setores públicos ou privados, organizações internacionais”.
Com este tipo de comércio, os negócios conseguem uma
expansão nos mercados, alcançando um maior número de consumidores. Através
desta interação eletrónica, os produtores conseguem recolher informação sobre a
sua procura, oferecendo, desta forma, bens e serviços consoante as necessidades
dos consumidores. Isto proporciona um aumento da produtividade e redução de
custos nas operações das empresas.
Num estudo realizado em 2018, a Boston Consulting Group
(BCG) e a Google previam que o mundo eletrónico tivesse um impacto de 9 mil
milhões de euros no PIB português, isto é, 5% do total. Era, ainda, notório que
Portugal estava atrasado a nível europeu no que toca ao mundo digital, contudo,
a pandemia da Covid-19 veio revolucionar a relação da sociedade com este mundo,
uma vez que é evidente o grande crescimento do número de novos utilizadores dos
canais digitais.
Um estudo da
Group M apurou que o efeito da pandemia gerou, em Portugal, um crescimento do e-commerce entre 40 a 60% face aos
valores de 2019 em categorias como o retalho alimentar. Em acréscimo, a
Sociedade Interbancária de Serviços (SIBS) mostrou que o valor médio das
compras online aumentou 18%, aproximadamente,
ao longo do confinamento, o que nos permite retirar duas conclusões: por um
lado, aqueles que já tinham conhecimento deste método de compras provavelmente
reforçaram a sua utilização; e, por outro, as pessoas adaptaram-se às
circunstâncias e aderiram pela primeira vez a esta solução.
Desta forma,
várias empresas portuguesas tiveram de se reinventar e aderir aos canais
digitais, permitindo trabalhar a relação com estes
novos consumidores para garantir a sua retenção num canal onde podem ter uma
melhor experiência e a custos mais baixos.
Nesta
fase de tentativa de voltar ao “antigo normal”, os canais digitais vão
continuar a ser grandes meios de oportunidades de contacto com os consumidores,
visto que, após a adaptação que a sociedade teve de fazer, várias pessoas
encontraram enormes vantagens na utilização deste método e receio em relação ao
vírus, mostrando relutância em relação à hipótese de se deslocarem a lojas
físicas. Para além disso, as mais recentes crises epidémicas mostram também que
o e-commerce conseguiu manter-se em níveis elevados mesmo
após o momento de restabelecimento de normalidade sanitária.
No meu ponto de vista, a crise pandémica é uma “wake up call” para as empresas, tendo em conta que, nos últimos meses, assistimos a uma crescente adesão ao e-commerce, uma vez que este foi o método encontrado por muitas empresas para conseguirem continuar as suas atividades, corresponder às necessidades do consumidor e manterem a sua posição no mercado. Do ponto de vista do consumidor, o e-commerce só apresenta vantagens, já que permite adquirir bens ou serviços de forma mais rápida, cómoda e, por vezes, mais barata do que se fosse obrigado a deslocar-se a um espaço físico para proceder à sua aquisição. Tendo em conta que vivemos numa era digital, a pandemia veio, de certa forma, “obrigar” a adaptação das empresas à nova realidade e aquilo que será o futuro do comércio.
Marta
Filipa Passos Leite
[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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