As
migrações internacionais são um dos mais relevantes fenómenos sociais do mundo
contemporâneo. Sendo os fluxos de pessoas recorrentes ao longo da História, os
atuais movimentos migratórios são, no entanto, marcados por uma significativa
multiplicidade de experiências que dificultam a sua concetualização, e que pela
forma como acontecem, bem como pelo volume implicado, suscitam diversas
interpretações e opiniões.
O
processo migratório é um fenómeno demográfico e podemos percebê-lo em vários
momentos históricos, ainda que de maneiras e níveis diferentes. A migração
corresponde à mobilidade espacial da população, ou seja, é o ato de trocar de
país, estado, região, ou até mesmo de domicílio. Tal ocorrência vem sendo
promovida ao longo de muitos anos, a exemplo disso cita-se a migração europeia
entre 1821 e 1913, no pós-Revolução industrial. A partir daí, esses fluxos
migratórios internacionais têm-se intensificado cada vez mais nas últimas
décadas, como se pode concluir a partir do gráfico seguinte. Com isto, o
fenómeno que mais contribui para esta evolução da migração é a atual crise de
refugiados.
Ora,
os principais destinos da migração internacional são EUA, Alemanha, Turquia,
Reino Unido, Espanha, Canadá, França e Austrália, e são vários os fatores
motivadores para as pessoas mudarem de país:
· Económicos:
a forte pressão demográfica que se faz sentir particularmente nas áreas de
menor desenvolvimento conduz a taxas de desemprego elevadas e trabalhos mal
remunerados;
· Naturais:
a ocorrência de catástrofes naturais, como sismos, vulcões, inundações ou secas
prolongadas podem ser um fator de abandono de determinadas áreas, provocando
movimentos migratórios;
· Políticos:
a inexistência de liberdade e a repressão de alguns regimes políticos podem
provocar a migração de pessoas para as áreas onde a democracia e as liberdades
fundamentais sejam respeitadas;
· Religiosos:
há áreas onde a perseguição religiosa é uma realidade, provocando grandes
movimentos migratórios;
· Étnicos:
as rivalidades étnicas são outras das causas do movimento de populações, uma
vez que são frequentemente expulsas dos locais onde habitam.
Assim,
os fenómenos migratórios são aparentemente fáceis de serem concetualizados e
teorizados. Serão movimentos de pessoas, que se deslocam de um país para outro,
durante um tempo mínimo, normalmente por motivos laborais. Porém, numa
perspetiva pessoal, este entendimento simples revela-se insuficiente face à
complexidade implícita nas movimentações migratórias. Pelo aumento de volume,
pelas dinâmicas que comportam, pelas motivações implícitas, pelas histórias de
vida narradas, pelas rotas que seguem, pelas determinações globais que se
impõem, as migrações internacionais são um fenómeno plurifacetado, em constante
metamorfose na adaptação às circunstâncias do mundo em que acontecem.
Com
isto, a extraordinária flexibilidade dos fenómenos migratórios é a causa da
natureza fragmentária das perspetivas teóricas, bem como da diversidade conceitual,
na perceção destas mobilidades.
Ana Mafalda Ribeiro Magalhães
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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