É bastante comum associarmos o
crescimento económico ao aumento generalizado do rendimento. No entanto, este
pensamento não chega para definir o que de facto significa crescer
economicamente. Este foi o tema que Robert Solow, Prémio Nobel da Economia em
1987, investigou durante a sua carreira profissional. Solow propôs que o
crescimento económico a longo-prazo está fortemente associado ao crescimento da
população, à poupança (capital) e ao progresso tecnológico.
Solow, em parceria com outro
economista, criou um modelo matemático que combina os elementos referidos acima
de modo a estudar o comportamento de países com caraterísticas semelhantes. Assim,
foi possível estabelecer um padrão no desempenho dos países e formular uma
hipótese que relaciona a taxa de crescimento do PIB com as três principais
variáveis que ditam a função. Solow concluiu que a tecnologia aplicada aos
meios de produção é um dos principais fatores que permite o desenvolvimento
económico. Assim, no seu modelo, fica explícito que o capital está diretamente
relacionado com a tecnologia conhecida e, à medida que a tecnologia se vai
aperfeiçoando, o novo capital é mais valorizado quando comparado com o capital desprovido
da mesma.
Com base nesta linha de pensamento, a
teoria desenvolvida por Solow faz da educação um dos principais pilares da
economia - isso porque indivíduos com acesso a uma educação de qualidade
desenvolvem formas de pensamento superiores, promovendo assim a inovação
tecnológica. De acordo com o modelo de Solow, o incentivo à criatividade humana
torna-se um instrumento fundamental para estimular o crescimento económico.
Confrontando tais ideias com a
realidade portuguesa é possível perceber o porquê de ser tão difícil
alcançarmos algum tipo de crescimento económico no longo-prazo. A falta de
investimentos na educação, aliada à péssima gestão do setor, cria pouquíssimos
incentivos para o desenvolvimento de indivíduos intelectualmente notáveis.
Em 2018, na prova do PISA, exame
anualmente organizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico
(OCDE) para medir os níveis de educação dos países, Portugal obteve um
desempenho de 492 em leitura, 492 em matemática e 492 em ciências. Em
matemática, o desempenho médio foi semelhante ao alcançado durante o período de
2009 a 2015 e, em ciências, o desempenho médio baixou significativamente e
retornou para o nível observado em 2009 e 2012.
É importante sublinhar que o contexto
socioeconómico tem uma influência muito significativa no desempenho dos alunos
portugueses nos três domínios. No domínio da leitura os alunos mais favorecidos
socioeconomicamente ultrapassaram o desempenho dos alunos desfavorecidos em 95
pontos. Nos primeiros lugares ficaram Singapura, China e Finlândia, países que
tiveram um crescimento económico estável no longo-prazo, aliado a um enorme
desenvolvimento social.
Assim, investir na educação aparenta
ser uma forma bastante eficiente e eficaz de proporcionar um crescimento económico
estável e duradouro. É muito comum que em países onde as desigualdades são mais
acentuadas ocorra a chamada “Fuga de Cérebros”, onde estudantes e pesquisadores
promissores mudam-se para outros países onde a qualidade de vida e apoio
científico são melhores, agravando assim a situação económica e financeira do seu
país de origem.
Face ao exposto, é bastante
percetível que a teoria do crescimento económico concebida por Solow reforça a
ideia de que o progresso tecnológico tem um enorme peso no crescimento
económico. O progresso tecnológico só pode ser alcançado por mentes curiosas e
criativas, tornando-se assim de grande importância refletir sobre o quão
importante é fomentar estes valores nos alunos do presente e investigadores do
futuro. Uma vez que a educação é um dos principais meios para incentivar a
criatividade, é de extrema importância investir nas instituições educacionais,
pois são elas que definem o nosso futuro.
Francisco Fernandes
[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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