Têm sido vários os desafios que o mercado de trabalho português tem enfrentado ao longo dos anos – como o envelhecimento da população ou a falta de trabalhadores qualificados, principalmente em áreas como as tecnológicas. Para agravar a situação, a pandemia de Covid-19 veio desacelerar o desenvolvimento e crescimento de muitos países, entre eles Portugal. Dito isto, questões como a igualdade no mercado de trabalho e as oportunidades de carreira para os mais jovens continuam atuais.
Portugal é um país
tradicionalmente ligado à agricultura, tendo sido este um dos seus grandes setores
de atividade até há poucas décadas, tal como o setor da construção. Com o
evoluir da tecnologia e com a crescente aposta no aumento do grau de
escolaridade da população, o mercado de trabalho foi-se alterando
progressivamente, havendo um decréscimo na procura dos setores tradicionais e
um aumento da procura de posições mais diferenciadas. É inegável que a
diferenciação da mão-de-obra abriu novas portas para a população ativa e,
consequentemente, para o país, já que isto trouxe um aumento na diversidade dos
postos de trabalho. Contudo, estes avanços não apagaram os problemas da
precariedade e salários baixos, e continuam a existir poucas oportunidades de
carreira para uma parte significativa da população.
A vontade de progredir e
evoluir auxilia o desenvolvimento de um país, sendo um importante motor numa
economia pequena como a portuguesa. No entanto, estes avanços devem ser
acompanhados de justas leis laborais, garantindo que o crescimento do PIB não é
feito à custa da qualidade de vida dos trabalhadores. Se este crescimento não
proteger as suas bases – a mão-de-obra – o seu futuro é limitado e pouco sustentável.
Também é meu entender que
assistimos a uma polarização do mercado – há uma sistémica falta de
investimento em muitos setores, conjugada com uma excessiva aposta noutros. Um
sólido desenvolvimento implica que todos os setores da economia, desde a
agricultura até à indústria de ponta, avançam e se atualizam. Mas isto não se
verifica.
É importante, sim, continuar
a apostar na educação dos mais jovens, no entanto, é crucial garantir
oportunidades para aqueles que não tiveram as mesmas condições no passado.
Apostar numa educação eficaz para todas as faixas etárias, tendo em conta as
suas caraterísticas, é, a meu ver, uma possível medida para mitigar estas
desigualdades. Esta educação também passaria pela formação contínua dos
trabalhadores atuais ao longo de toda a sua carreira profissional.
Apoio a necessidade de
intervenção mais ativa do Estado nesta problemática através de medidas focadas
no desenvolvimento e proteção da população ativa mais desfavorecida. Reforço
que salários justos e medidas de proteção laboral devem ser sempre uma aposta parceira
do investimento financeiro.
Marta
Campos Miranda
[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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