Como sabemos, as novas
tecnologias estão em constante aparecimento e crescimento. A inovação
científica permitiu que o Homem fosse vindo a ter, ao longo da sua existência, uma
vida cada vez mais “facilitada” e com maior qualidade. Isto acontece, pois, ao
longo dos anos a estrutura produtiva foi-se adaptando e inovando, reconfigurando
os dois fatores de produção: o capital (com a introdução e melhoria das
máquinas e equipamentos); e o trabalho (com uma mão de obra melhor qualificada
e melhor organizada e estruturada).
Mas qual será o impacte
dos robôs nos nossos empregos? Serão capazes de substituir o Homem, enquanto
trabalhador, trazendo o “desemprego tecnológico”? Para responder a esta questão,
temos de recorrer a bastantes estudos. O primeiro vem da consultora Mckinsey
e é denominado “Jobs lost, jobs
gained: What the future of work will mean for jobs, skills and wages”,
que afirma que o nível de disrupção que a Inteligência Artificial pode trazer à
sociedade atual é 10 vezes mais acelerada e 300 vezes mais rápida do que aquela
provocada pela Revolução Industrial. O mesmo relatório avança com números mais
impactantes, prevendo que 800 milhões de trabalhadores em 46 países poderão
perder o seu emprego para uma máquina ou um robô, até 2030.
A verdade é que de
momento, a densidade robótica (número de robôs por 100 mil trabalhadores) é
maior na região asiática, destacando-se Singapura, com 918 robôs por 100 mil
trabalhadores. Pela Europa, de destacar que os países com maior capacidade
produtiva e mais avançados na industrialização (Alemanha, Suécia, Dinamarca)
são obviamente os que apresentam uma densidade maior, e muito acima da média
europeia, de 114 (Dados presentes na figura abaixo, da Federação Internacional
de Robótica, 2019).
É oportuno olhar também
para a história, analisando o impacte que teve a Revolução Industrial. Um
estudo da instituição NBER (National Bureau of Economic Research), intitulado
de “Technical Change and the Relative
Demand for Skilled Labor: The United States in Historical Perspective”,
concluiu que os trabalhadores mais qualificados acabaram por sair beneficiados
com a industrialização. Apesar de termos visto o desaparecimento de artesãos
(trabalhadores qualificados), foram-se criando novos postos de trabalho para
funções mais sofisticadas fora da linha de produção, o que conduziu a um
aumento do emprego qualificado. Isto contribuiu para a criação da “classe
média” nos EUA e noutros países.
Olhando agora para o
futuro, é pertinente falar do estudo “The
Future of Employment: How Susceptible Are Jobs to Computerisation?”, da
Universidade de Oxford. Este aponta para que 47% dos empregos nos EUA estejam em
risco de serem extintos nas duas próximas décadas. O estudo tem uma premissa
simples: se um robô conseguir automatizar a rotina de um posto de trabalho que
é atualmente ocupado por um ser humano, esse trabalho pode ser realizado então
pelo robô. Podemos assim dizer que os empregos que mais dependem de uma rotina
rígida e repetitiva, nomeadamente na área dos serviços e vendas e
construção/reparação/manutenção, são os que estão em maior perigo, tal como
indica a figura em baixo.
Assim sendo, os empregos
que correm menor risco de automatização serão aqueles que mais exigem um
raciocínio criativo para a sua realização, fugindo a uma atividade rotineira e
repetitiva. Mas também estão para já a salvo aqueles que dependem de
capacidades de relacionamento social e emocional, atributos que ainda não são
dominados por robôs. Contudo, é importante ressalvar que a análise não pode ser
feita tendo apenas em conta empregos existentes de momento. Alguns empregos
vão-se perder com a automatização, enquanto outros manter-se-ão, mas surgirão
muitos outros empregos, muitos deles ainda não existentes, graças a estes robôs.
Por isso, o saldo tenderá a ser positivo.
Pode-se concluir que a
automatização é algo que irá continuar pois é essa a vontade do ser humano, tornando
a sociedade mais eficiente e produtiva. Logo, não estaremos condenados ao
desemprego, pois o processo de criação de emprego deverá ultrapassar o de
destruição. O trabalhador do futuro terá de ser capaz de se adaptar, tal como
foi fazendo ao longo da história. Sem humanos é que não haverá robôs.
João Pedro Ferreira
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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