O salário mínimo nacional (SMN) é o menor valor possível que um trabalhador português pode auferir numa relação de contrato de trabalho a tempo inteiro. A existência do mesmo está prevista na constituição da República Portuguesa e é atualizado (ou não) anualmente na lei do Orçamento do Estado.
Apesar de ser um tema controverso em economia por questões de eficiência, na maior parte das sociedades ocidentais o salário mínimo é visto como uma medida necessária e boa pela generalidade das sociedades.
O
salário mínimo em Portugal tem tido a seguinte evolução, como podemos observar
na figura 1.
O SMN tem tido uma tendência crescente ao longo do período de 2000 a 2021, à exceção do período de crise económica e austeridade em que estagnou (2010 a 2014). Desde o ano de 2015 que se verifica um aumento nominal constante do SMN.
Mas as verdadeiras questões
são: “Será o aumento do salário mínimo um aumento justo?”; “Serão os aumentos,
no mínimo, ajustados à inflação?”; “Em comparação com os outros salários, será
o SMN mais atualizado?”. Há muitas condicionantes éticas, políticas,
ideológicas e económicas que dividem opiniões sobre este tema. Para já,
limitemo-nos a factos.
Segundo dados do Gabinete de Estratégia e Planeamento do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, em Portugal, segundo a Figura 2, o SMN tem vindo a sofrer consecutivas atualizações nominais (à exceção do período supracitado). O dado mais importante a analisar neste estudo é a atualização real do SMN, dado que se pode concluir, mais uma veze à exceção do período de crise económica, que o poder de compra dos trabalhadores que auferem o salário mínimo aumenta progressivamente. Isto significa que a atualização nominal é superior à inflação observada.
Segundo as figuras 3, 4 e 5, é possível concluir que atualmente, para pouco mais de 20% de trabalhadores que auferem o SMN, o salário médio português ronda o limiar superior de 1000€, tendo em conta uma inflação constante desde o período de crise, com pequenas oscilações.
Segundo a figura 4,
pode-se observar que o salário médio teve um crescimento de sensivelmente 100€
desde o período de crise, com tendências crescentes na curva desde o último ano
em análise.
Figura 3. Proporção de trabalhadores a auferir o SMN
Figura 4. Salário Médio Mensal
Na minha opinião, a atualização do SMN tem sido cautelosa, regulada e sustentada de forma eficiente pela economia em crescimento. O facto de aumentar o poder de compra permite estimular a economia, sem provocar descontrolos da inflação. Por outro lado, o salário médio teve um aumento sustentado e aproximado aos aumentos do SMN, o que indica que os aumentos do SMN conferem confiança às entidades patronais para atualizarem os salários de todos os seus trabalhadores, não permitindo a queda de poder de compra, com a inflação observada.
Em suma, considero que as
atualizações salariais efetuadas desde o período de crise económica em Portugal
são justas e equilibradas face ao crescimento da economia do país. Ademais, a
nível pessoal e ideológico, considero que o salário auferido deve permitir a
satisfação quase total das necessidades médias de um indivíduo. Dessa forma, e
respondendo às perguntas supracitadas, sou da opinião que existe equilíbrio
económico e de direito social nas atualizações salariais.
Carlos
Alexandre Teixeira Moreira
[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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