quinta-feira, 4 de novembro de 2021

O jornalismo que um dia conhecemos reemergiu com a Covid-19?

Os órgãos de comunicação social são um meio fundamental para se alcançar um determinado fim, trata-se de veias necessárias para o sangue chegar ao corpo todo, como por exemplo a forma como cobrem situações de risco como a Covid-19. A sua extrema relevância pode atuar como amplificador ou atenuador de um determinado tema.

Muitos de nós já ouviram a expressão que diz que “há fins que justificam os meios”. A comunicação social fornece o meio para atingir o objetivo de uma sociedade informada. O meio usado é apenas considerado legítimo ou não dependendo do quão importante é alcançar o fim primário de uma sociedade esclarecida sobre um determinado tema, um comportamento hipócrita que muitos condenam. O cerne será sempre a capacidade que o jornalismo consegue ter de provocar uma reação cinética na sociedade, levando-a a questionar comportamentos de políticos e governantes que afetam diretamente o bem-estar e qualidade de vida desta mesma.

A cobertura de matérias importantes como a pandemia por parte dos meios de comunicação social é recorrentemente acusada de sensacionalista, e muitos de nós podemos concordar com esta acusação. No entanto, estas considerações genéricas não permitem refletir sobre as hipóteses que afetam o tratamento destas mesmas notícias, o quão pode ou não despoletar reações negativas ou positivas no seu desenvolvimento e reação a ela mesma.

A cobertura de um evento de alta importância, como a Covid-19, que mais tarde foi declarado como uma pandemia, foi como a ressuscitar, o renascer das cinzas do destaque da comunicação social tradicional.

 Devido à era digital e à constante importância das redes sociais, o jornalismo como um dia nós o havíamos conhecido ficou adormecido, como se de um coma induzido tivesse sofrido. A importância dada aos media nesta situação catastrófica aconteceu sobretudo pela falta de informação fidedigna, credível e viável de órgãos responsáveis pela saúde pública e pela economia. Muitas perguntas surgiram e encontram-se ainda hoje por responder e foi precisamente este o momento de os media, com toda a sua graciosidade e engenho, entrarem como forma de alento e saciação das grandes massas.

O jornalismo de campo voltou com força. Ressurgiram as visitas e pesquisas constantes ao respetivo epicentro da notícia, investigações elaboradas com a necessidade de serem credibilizadas e a fuga à circunstância das publicações no Twitter ou Facebook se tornarem, pelo um simples click, em notícias reais.

No entanto, é preciso sublinhar sempre a imprevisibilidade da evolução deste tipo de eventos, bem como as dificuldades encontradas no jornalismo devido a entidades oficiais pouco cooperantes e à necessidade fulcral de se adaptarem a temas que sofrem constantes metamorfoses, como o caso da pandemia da Covid-19.

 

Maria Helena Mendes

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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