O desemprego é visto como algo impactante negativamente e que nos assusta, especialmente aos recém-licenciados. Entende-se por desemprego o desequilíbrio entre a procura e a oferta de mão-de-obra, isto é, o excesso de indivíduos, relativos à população ativa, que estão à procura de trabalho remunerado e não o encontram. A taxa de desemprego é um indicador económico que mede o nível de desemprego de uma economia. É o rácio entre a população desempregada e a população ativa.
Assim, segundo dados do INE e PORDATA,
a taxa de desemprego total em Portugal, em 2020, sofreu um ligeiro aumento de
0,3%, relativamente ao ano anterior, situando-se nos 6,8%. Contudo, os dados
apontam para uma inversão do decréscimo observado nos últimos sete anos na taxa
de desemprego jovem, isto é, faixa etária abaixo dos 25 anos, tendo sofrido um crescimento
abrupto, encontrando-se nos 22,6 pontos percentuais. Isto significa que, num
grupo de 10 colegas, 2 não terão sucesso na procura de emprego, o que é algo preocupante
visto que os jovens são o futuro de qualquer sociedade.
Estes
valores dependem não só das qualificações dos jovens, sobretudo da ligação
entre o sistema de ensino e o mercado de trabalho, mas também das instituições
do mercado de trabalho. As empresas dão enorme importância à experiência, mas,
como poderemos nós, jovens, ter experiência se não nos é facultada essa oportunidade?
Isto cria um paradoxo enorme, uma vez que um jovem que quer trabalhar está
sujeito a uma oferta de emprego que restringe um perfil de candidato àqueles
que já têm experiência, mas, por outro lado, as empresas não arriscam nestas
contratações, pois desconhecem o nível de produtividade destas.
Do outro lado do prisma,
temos aqueles que conseguem arranjar emprego mas as condições não são favoráveis,
especialmente o valor monetário do salário. Esta é uma questão importante uma
vez que, para quem entra no mercado de trabalho, os custos associados à
prestação do serviço tendem e ser mais elevados que os benefícios salariais.
Segundo St. Aubyn (1997), se for estabelecido um salário mínimo muito superior
relativamente à produtividade do trabalho, esta situação pode levar a um
aumento do desemprego. Analisando de outra perspetiva, deparamo-nos com outro
paradoxo pois é necessário ter em conta que os
trabalhadores qualificados devem ser compensados pelo investimento que
realizaram em educação.
Tudo isto leva a que os jovens repensem bem nas suas
decisões e tenham em consideração a emigração, à procura de melhor nível de
bem-estar. Em termos comparativos entre a União Europeia e Portugal, esta
apresenta uma taxa de desemprego jovem bem menor, situando-se nos 15,7%, em
2020 (dados PORDATA). Relativamente ao salário, Portugal apresenta um dos
salários mínimos mais baixos em toda a UE, encontrando-se, atualmente, nos 665€
mensais (dados PORDATA).
Em suma, o aumento do desemprego jovem em Portugal gera consequências a nível social, como a perda de impostos que os indivíduos pagariam caso estivessem empregados e um aumento da despesa pública na sequência do pagamento de subsídios de desemprego e, a nível pessoal, provoca danos psicológicos, como a fraca autoestima e a perda de esperança de arranjar um trabalho, levando a um decréscimo do rendimento. Revela, ainda, uma perda de investimento na educação, não só por parte do Estado mas também a nível do indivíduo, visto que os jovens emigram no sentido de encontrarem melhores condições, pois o mercado de trabalho não oferece oportunidades ou, quando o fazem, não são atrativas.
Marta Filipa Passos Leite
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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