sábado, 20 de novembro de 2021

Vacinação contra a covid-19: um direito para todos?

No final de 2019/início de 2020, a população mundial foi atingida por uma crise pandémica sem precedentes. Durante vários meses, vários foram os países que tentaram lutar contra os números catastróficos de casos e óbitos. Muitos foram os que tentaram e muitos foram também os que falharam na produção de uma cura ou de, pelo menos, algo que abrandasse o ritmo de contágios da pandemia.


Foi no final de 2020, um ano após o início desta crise, que foram administradas as primeiras doses de vacinas, como forma de prevenção. Com as primeiras vacinas veio ao de cima um problema enorme da sociedade atual: a desigualdade, pois enquanto os países mais ricos gastavam milhões de capital na compra das mesmas, para imunizar a sua população, os países mais pobres não usufruíam de verbas tão grandes para fazer o mesmo.

Fonte: Our World in Data

Com base na análise do gráfico que se apresenta, percebemos que todos continentes, à exceção de África, apresentam uma taxa de vacinação relativamente elevada, acima, da média mundial. Em termos do maior número de pessoas totalmente vacinadas, em primeiro lugar, temos a Europa, com 57% da população. Este número elevado é uma consequência de vários fatores, tais como uma recetividade por parte da população relativamente positiva, pois apesar dos vários medos, a sociedade aceitou tomar a vacina para o bem global; serviços de saúde desenvolvidos e um grande acesso às vacinas.

A América do Sul, em termos totais (vacinação completa e parcial), é a que apresenta um maior avanço, com 71% da sua população vacinada. No entanto, reparamos que o Continente Africano apresenta uma taxa absurdamente baixa de apenas 6,8% da população totalmente vacinada, e com 3,2% da população parcialmente vacinada. Com estes dados, conseguimos perceber a discrepância entre os países mais ricos e os países mais pobres, uma vez que maior parte da pobreza mundial se situa no continente Africano.

A Organização Mundial de Saúde já apelou, mais de que uma vez, para que os países mais pobres sejam ajudados por aqueles que têm mais possibilidades, para que eles tenham a mesma oportunidade de poderem ser vacinados contra esta doença. Já muitos foram os países que responderam aos apelos da OMS e prometeram a entrega de vacinas para os países mais carenciados, mas a verdade é que, se olharmos para os dados, percebemos que só 6,8% da população africana tem a vacinação completa, enquanto que alguns países mais desenvolvidos já se encontram a administrar a terceira dose da vacina.

Em conclusão, a vacinação contra a covid-19 veio mais uma vez demonstrar um problema, que sempre existiu, mas que as pessoas muitas vezes descartavam: a desigualdade. Percebemos que só aqueles com mais poder monetário teriam acesso a um bem que deveria ser igual para todos, pois trata-se de um problema mundial. Sendo assim, a entreajuda entre os países deveria ser maior, pois se todos os países que têm mais poder económico se juntassem a vacinação chegaria mais depressa aos países com menos recursos.


Ana Margarida Queirós da Costa

Referência do gráfico

https://ourworldindata.org/covid-vaccinations?country=OWID_WRL

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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