Segundo um estudo estatístico desenvolvido pelo Serviço de Estatísticas da União Europeia (EUROSTAT), em 2019, Portugal encontrava-se entre os países europeus com uma das maiores taxas de desemprego da população jovem. Este é um problema que tem merecido crescente preocupação por parte dos governantes portugueses, e que tem levado à implementação ao longo dos últimos anos de várias medidas de apoio aos jovens trabalhadores, tais como o projeto Garantia Jovem, o Qualifica e o Emprego Jovem Ativo.
No entanto, tem-se constatado que estas medidas não estão a ser suficientes. Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), as principais causas da alta percentagem de desemprego jovem vivida em Portugal deve-se aos frágeis vínculos laborais oferecidos pelo mercado de trabalho, como os contratos a termo certo, recibos verdes ou períodos experimentais. O EUROSTAT divulgou em outubro de 2020 um gráfico que apresenta Portugal como o segundo país com maior taxa de risco de perda de emprego para os mais jovens, entre os 16 e 24 anos, sendo apenas ultrapassado pela Espanha. Em 2017, Portugal apresentava a quarta maior taxa de jovens com contratos de trabalho temporários, sendo neste último índice apenas ultrapassado pela Espanha, Eslovénia e Polónia.
Com o nosso país a atravessar a atual crise sanitária, que teve início em 2020, este foi um motivo mais que veio agravar o desemprego jovem. Não se justifica de todo a instabilidade profissional vivida pelos jovens portugueses.
O Banco de Portugal, publicou também as estatísticas da população jovem entre os 16 e 24 anos ao longo dos últimos anos, por trimestres, iniciando a análise em 2016 e terminando em 2021.
Fonte: BPstat
Através do mesmo, podemos concluir que em 2016 a
população jovem encontrava-se com valores observados de 27,8% de desempregados,
tendo vindo assim a diminuir até aos 17,6% em 2019. Com o impacto da crise
sanitária atingiu os 26,3%, porém não superou o valor atingido em 2016. Em 2021,
o valor tem vindo a decrescer, ao longo dos trimestres, até que chegou a
atingir os 22,6%.
Podemos assim concluir que, no decorrer da crise
sanitária, Portugal observou valores bastantes altos no desemprego jovem,
contudo, no início da análise do Banco de Portugal, em 2016, foi verificado um
valor mais alto, ainda.
Na verdade, observando os valores do passado e comparando
com os valores do presente, verificamos que, em 2016, o desemprego era
efetivamente mais alto, ou seja, sabemos que a pandemia causou desemprego nos
jovens, porém continua a ser difícil para a sociedade perceber o porque do
desemprego elevado nos jovens. Será que os jovens portugueses são completamente
desinteressados e preguiçosos? Na minha
opinião, não. Penso que existe uma vasta concorrência. Por mais ou menos
qualificações que o jovem efetivamente tenha, pode ser difícil adquirir um
emprego quando se tem que sujeitar a salários baixos, com cargas horárias
sobrecarregadas, com contratos que duram um tempo indeterminado. Para o atual
jovem, com estas condições de trabalho, tornar-se cada vez mais difícil
manter-se motivado ao longo do seu percurso na procura de emprego.
Não obstante, na minha opinião, como numa sociedade
existem vários tipos de pessoas com diferentes objetivos, não digo obviamente
que não exista pelo menos um jovem português que prefira ficar em casa em vez
de percorrer, por exemplo, as lojas todas de um shopping que, nesta altura, pedem quase todas reforços de lojistas,
tendo em conta que se aproxima uma época natalícia que causa uma alta procura nessa
área de consumo.
Esta é uma realidade bastante assustadora tendo em conta
que sou uma jovem universitária a acabar a licenciatura, e prestes a ingressar
no mercado de trabalho. Contudo, penso que, continuando a acreditar que novas oportunidades vão surgindo, o
investimento pessoal feito até agora não será em vão.
Joana Pedra
Gonçalves
[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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