Será que realmente menos é mais? Será que as empresas exigindo menos trabalho dos seus trabalhadores conseguirão obter mais destes? A Islândia decidiu experimentar o conceito de uma menor carga semanal nos últimos 5 anos.
Na Islândia, foi feito um estudo sobre
isto e encontraram que uma semana com apenas 4 dias de trabalho, sem uma
redução de salário, foi benéfica a nível produtivo e de bem-estar. Os
trabalhadores passaram de trabalhar 40 horas semanais para 35 a 36 horas
semanais e os resultados foram positivos. Apesar da redução da carga horária, a
produtividade manteve-se e, em alguns casos, aumentou. Os trabalhadores notaram
uma redução de stress e cansaço.
Este estudo funcionou também devido à
flexibilidade dos trabalhadores e dos empregadores que se submeteram a esta
experiência e a mudanças quando algo não funcionava. Por curiosidade, a
Islândia é dos países que regista mais horas de trabalho por funcionário, uma
média de 44,4 horas semanais.
Os benefícios a nível físico e psicológico
foram notórios, e pareceram ser duradouros. Seguindo o sucesso da iniciativa, os
sindicatos de trabalho na Islândia tiveram a possibilidade de negociar cortes
no número de horas de trabalho semanais. No total, cerca de 85% da população
decidiu reduzir o número de horas de trabalho ou ganhou pelo menos o direito de
o fazer.
Uma das pessoas que fez parte deste
estudo relatou que, como uma mãe de cinco crianças, é complicado organizar a
vida com um trabalho de 8 horas diárias, mais tarefas de casa e cuidar das
crianças. No início, optou por reduzir uma hora de trabalho por dia, onde
aprendeu a encurtar o tempo das suas reuniões, reduzir o tempo de viagens e
organizar o seu trabalho de uma maneira mais eficiente. Revelou também que se
sentia mais focada agora, que gastava muito tempo do seu dia em viagens então,
adaptou-se e tem agora reuniões on-line,
passando a trabalhar 8 horas por dia de segunda a quinta-feira e 4 horas na
sexta. Isto permitiu-lhe ganhar novas skills
de trabalho, subir de posição na empresa, tirar um mestrado e, nos dias em que
não tem aulas, até caminhar.
Como é possível observar, isto tudo parece ter um impacte
muito positivo. É bom que as pessoas tenham o tempo livre, que tenham tempo
para se focar nelas próprias e, claro, depois tal será notório no ambiente de
trabalho, e até em casa e na vida social. A produtividade tem uma relação direta
com o bem-estar das pessoas. Se uma pessoa se sentir bem, tiver tempo para se
organizar, a produtividade vai estar no pico.
O estudo englobou trabalhadores de
todas as áreas, hospitais, museus, escritórios do governo, estações da polícia
etc. Notou-se também reduções nas pausas de almoços e de café, o que levou aos
trabalhadores a terem uma maior capacidade organização das suas tarefas no
trabalho.
Será que outros países deverão adotar
esta medida? A verdade é que foi um sucesso enorme na Islândia: a produtividade
manteve-se ou em outros casos até aumentou, os salários não baixaram e os
trabalhadores notaram um alívio, menos cansaço, menos stress e mais tempo para eles próprios, para a família e amigos.
Luís Filipe Oliveira
[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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