segunda-feira, 22 de novembro de 2021

A problemática dos combustíveis no custo de vida

Já é antiga a necessidade de os países recorrerem às ligações comerciais com o exterior para adquirir certos bens. Portugal, e os países da Europa, não são exceção, sendo que preservam inúmeras relações comerciais com variadas economias.

A necessidade de adquirir bens e matérias-primas ao exterior torna essa economia dependente de terceiros para suprir algumas das suas necessidades. A natureza desta relação pode deixar o país “dependente” numa posição vulnerável porque alterações nos mercados externos influenciam indiretamente o bem-estar económico deste país, que deixa de ter grande capacidade reguladora de preços. Um produto que exemplifica bem este tipo de relações é o petróleo.

Segundo uma notícia publicada pelo jornal Expresso (Miguel Prado, 28 agosto de 2019), Portugal foi considerado, em 2017, como sendo o sexto país da Europa mais dependente de importações de petróleo, de acordo com dados do Eurostat. Segundo este artigo, Portugal depende 100% destas importações, ficando apenas atrás de países como a Estónia, Malta ou Bulgária. Este valor significa que todo o petróleo que Portugal consome é importado. Estas percentagens são calculadas através de um rácio entre as importações líquidas de petróleo e o consumo interno de produtos petrolíferos.

Uma das grandes problemáticas atuais é o preço excessivo a que os combustíveis se encontram. Tem sido tendência o crescimento do preço deste bem, sendo que até à semana de 25 outubro de 2021 os combustíveis aumentaram trinta e seis vezes no ano. Este aumento tem um impacto negativo no orçamento das famílias portuguesas e empresas, que se veem forçadas a redirecionar uma maior fatia dos seus rendimentos para este bem. Isto porque a subida dos preços não é acompanhada por uma subida dos rendimentos.

Dados de 2019 confirmam que Portugal se suportava fortemente nos combustíveis fósseis, incluindo o petróleo, tendo 74% da energia bruta disponível origem nos mesmos. Tal vem enfatizar a importância destas fontes de energia para a população, levando, consequentemente, ao intensificar da gravidade da situação.

Defendem-se diferentes ideias para solucionar este problema, nomeadamente a intervenção do governo nos preços através de alterações no quadro fiscal, ou seja, na descida dos impostos. Aqui, é enfatizado o Imposto Sobre Produtos Petrolíferos (ISP), que se apresenta consideravelmente acima da média da União Europeia – segundo estatísticas divulgadas, de 2020, o ISP português era de 0,667€/L e 0,513€/L sobre a gasolina 95 e o gasóleo, respetivamente, contrapondo com os valores 0,554€/L e 0.,44€/L correspondentes à média europeia.

Na minha perspetiva, admito estar um pouco dividida sobre esta solução. Apesar de haver benefícios imediatos para o consumidor, também temos que nos consciencializar que, para conseguirmos descarbonizar a economia, os aumentos dos impostos sobre este bem são essenciais. Parece-me, então, que uma maior aposta no setor das energias renováveis é crucial neste momento. Portugal é um país privilegiado em termos geográficos e climáticos para o desenvolvimento desta indústria.

Sintetizando, é dramaticamente necessário que Portugal apresente soluções para a problemática dos combustíveis. Com os salários reduzidos e pouco flexíveis, assim como a tendência de subida dos preços dos combustíveis, o custo de vida nacional tende a aumentar. O investimento na área das energias renováveis deve ser aumentado o mais prontamente possível, ajudando a solucionar esta problemática, e, consequentemente, a reduzir e amenizar o custo de vida nacional.

 

Marta Campos Miranda

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]    

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