O desemprego é um dos
principais problemas da economia atual e um dos principais indicadores das
condições económicas, podendo ter impacto em todos os aspetos da sociedade e
fazer com que o nível de vida da maioria das pessoas diminua, o que tem um
impacto muito direto sobre elas. 2020 será marcado pela pandemia COVID-19. O
seu impacto tem efeitos diretos e indiretos em muitas áreas, por isso é difícil
encontrar dimensões da vida social que não tenham sido afetadas negativamente
pela pandemia. Como é típico no contexto de uma crise, há uma interação entre
as questões. Neste caso, saúde, economia, sociedade, finanças e instituições.
Um mês após o
primeiro caso de covid-19 no país, a taxa de desemprego registada em Portugal
voltou a subir. De acordo com indicadores divulgados pelo Instituto de Emprego
e Formação Profissional (IEFP), em março de 2021, ocasião em que o país aplicou
o segundo confinamento geral, o número de desempregados inscritos no centro de
emprego voltou a subir, atingindo o valor mais elevado do ano.
Se tomarmos o período pré-pandêmico como
referência e levarmos em consideração o número de desempregados registados em
fevereiro de 2020, a crise pandémica teve um impacto maior no emprego: o número
de desempregados registados aumentou 37,1% (mais de 117.289). Os mesmos números
levaram a taxa de desemprego em março de 2021 ao nível mais alto desde o início
da pandemia covid-19, há apenas um ano.
No que diz respeito à atividade económica de origem do desemprego, dos 373.396 desempregados inscritos nos centros do Continente, e que estavam registados como candidatos a novo emprego, 73,5% tinham trabalhado em atividades do sector dos serviços, com destaque para as atividades imobiliárias, administrativas e dos serviços de apoio (29,2%), 19,5% eram provenientes do sector secundário, com particular relevo para a Construção (6,0%). Ao sector agrícola pertenciam 4,2% dos desempregados. Já em termos regionais, no mês de março, o desemprego registado aumentou em todas as regiões do País. Dos aumentos homólogos, o mais pronunciado deu-se na região do Algarve (+54,6%), seguido de Lisboa e Vale do Tejo (+40,7%) e da região da Madeira, com +30,6%.
No entanto, apesar de agosto ter sido um mês de sucessivo desconfinamento, sobretudo devido aos progressos na vacinação, a população inativa aumentou em relação ao mês anterior (1,6%, o que equivale a 41 mil pessoas), mas recuou 2,5% (73,5 mil) face ao ano de 2020. Contudo, é certo que os meses de junho a agosto foram marcados pelo aumento das contratações devido ao efeito do verão, especificamente em setores com grande presença de jovens, como o turismo ou a restauração, sendo que os mesmos contribuíram fortemente para a dinamização da economia portuguesa. A taxa de desemprego jovem está a seguir o seguinte caminho: está no valor mais baixo desde maio do ano passado (um mês ainda marcado por fortes restrições da pandemia).
Esta crise caraterizou-se por um choque simultâneo da oferta e procura, resultado da paragem abrupta das atividades. Constata-se ainda que os mercados financeiros foram os primeiros a reagir, registando-se quedas acentuadas nos índices acionistas e uma fuga dos investidores para a dívida pública de “qualidade” (em detrimento da dívida dos países mais periféricos). De igual forma, foi possível observar que, do lado da economia, a redução da atividade foi visível na totalidade dos setores, uma vez que o índice de desemprego subiu e afetou muitas famílias.
Por fim, e apesar das medidas adotadas terem tido natureza semelhante nos
diversos países e o impacto das mesmas no crescimento económico de curto prazo
ser muito semelhante, torna-se claro que a capacidade de cada uma das economias
recuperar desta crise parece ser claramente distinta, podendo conduzir, a médio
prazo, ao agravamento das desigualdades.
Sofia Gil
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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