A
transição de 2019 para 2020 ficou marcada pelo surgimento inesperado de uma
crise pandémica suscitada pelo vírus Sars-Cov2, usualmente designado Covid-19.
Este período destaca-se pela incerteza associada quer aos impactes globais quer
à durabilidade das consequências.
Desde
o seu surgimento e propagação, certas convicções têm acompanhado a evolução da
pandemia, nomeadamente: o impacte global, sem poupar países ou populações; o
sentimento de insegurança decorrente de uma ameaça global invisível; a
dificuldade em encontrar soluções para a contenção dos canais de transmissão em
tempo útil; e o impacto negativo sentido em todos os setores de atividade
económica.
Com
o intuito de controlar a situação pandémica, diversos governos implementaram
regras quanto à circulação. Estas normas provocaram uma forte contração da
atividade económica, com efeitos particularmente nocivos no setor do turismo.
Para Portugal, um país em que o turismo é um dos principais motores da
atividade económica nacional, os efeitos agravaram-se.
Através
da análise dos gráficos seguintes, constatamos que, em 2019, a indústria
turística empregava 365 269 indivíduos e o saldo da sua balança de pagamentos
igualava os 13 107,85 milhões de euros.
Contudo, com o surgimento da crise sanitária, o número de indivíduos empregues
neste setor registou um decréscimo de 7,79%, o
que equivale a 336 810 funcionários. Relativamente ao saldo da balança
de pagamentos deste setor, depreendemos que, em 2020, correspondia a 4 957,80 milhões de euros, o que reflete uma redução de
62,18%.
Fonte: Banco de Portugal
Fonte:
PORDATA
Tendo
presente a importância do turismo para a economia portuguesa, o Governo decidiu
implementar um programa de modo a reativar esta indústria. A iniciativa “Reativar Turismo | Construir Futuro” incide em quatro
pilares de atuação: apoiar empresas, fomentar segurança, gerar negócio e
construir futuro. Este plano é constituído por ações de curto, médio e longo prazos,
que permitirão ultrapassar os 27 milhões de euros de receitas turísticas em
2027.
No
imediato, a ação do governo centra-se no apoio às empresas, efetivando esta
prioridade através da implementação de diversas medidas, destacando-se: a
criação de instrumentos dedicados à capitalização das organizações,
nomeadamente o Fundo para a Capitalização das Empresas, e a elaboração de mecanismos de apoio ao desenvolvimento e
consolidação da estratégia operacional das empresas, tal como a Rede Integrada
de Apoio ao Empresário, a qual conecta digitalmente o Turismo de Portugal, as
entidades regionais de turismo, as associações empresariais do setor e as
equipas de turismo no estrangeiro numa plataforma comum.
Fomentar Segurança é outro
dos objetivos do plano, o qual atuará
essencialmente na criação de condições que possibilitem o reforço da confiança
no turismo. Para isso, o Turismo de Portugal analisou as novas necessidades do
mercado, uma vez que o surgimento da pandemia realçou a importância de questões
relacionadas com a higiene, atualizando, neste sentido, os requisitos do Selo Clean & Safe 2.0 e do Programa
Adaptar 2.0, entre outras medidas.
Na perspetiva do pilar “Gerar Negócio”, é fundamental
estimular a competitividade deste setor, nomeadamente, através da promoção
nacional e internacional, da aposta em segmentos diversificados, do alargamento
a novos mercados de maior valor acrescentado, da continuidade da política de
reforço das acessibilidades aéreas, entre outros projetos.
Finalmente, o último eixo de atuação, Construir Futuro,
pretende construir um turismo mais responsável, mais sustentável e capaz de
gerar mais valor acrescentado, mediante formações, inovação tecnológica, etc.
Assim, em forma de conclusão, considero que é urgente a
implementação destas medidas, dado que Portugal é um país em que o turismo
assume um papel crucial no crescimento económico. Além disso, julgo que seja
necessário impulsionar o turismo realizado por residentes, visto
que o futuro é incerto.
Ana Catarina Gonçalves Caridade
[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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