O fim do conflito armado
interno em Angola promoveu a estabilidade política e social em 2002, abrindo
portas para crescimento e desenvolvimento da economia. Porém, Angola enfrentou
inúmeros desafios na questão do desenvolvimento, isto porque a sua dependência
no petróleo e má gestão pública contribuíram para que uma vasta porção da
população ainda esteja a viver na pobreza, sem um acesso a serviços públicos
adequados. o país enfrentou, assim, uma árdua tarefa no que toca à canalização
de fundos para a reconstrução das infraestruturas e à redução da pobreza.
Angola veio apresentando
altas taxas de crescimento económico influenciadas pelo aumento de produção e
altos níveis de preço do petróleo. A produção de petróleo e as atividades
inerentes à produção contribuíam em cerca de 85% para o PIB, sendo que a
extração e exportação de diamantes contribuíram com cerca de 5% para o PIB. Em
2004, houve uma retoma do crescimento, que atingiu os 11 por cento, devido à
exploração de novas jazidas petrolíferas. O crescente aumento da produção de
petróleo deveria permitir que se atingisse os 15 por cento em 2005 e os 25 por
cento em 2006.
Segundo o relatório do CEIC
(2010), o crescimento económico observado entre 2002 e 2008 foi de natureza
essencialmente quantitativa, que beneficiou de uma elevada taxa de poupança
global, com incidência nos empréstimos externos e no investimento estrangeiro
direto, em particular nos setores do petróleo, diamantes e construção civil,
sendo que estas atividades juntas sustentam um percentual superior a 70% do PIB
angolano. Este crescimento verificou-se no PIB per capita de Angola, que era de US$745,8 (dólares americanos) em 2002,
e que teve um crescimento ascendente até ao ano de 2008, quando chegou ao seu
apogeu de US$ 4.592,6. Porém, com a queda do nível geral da atividade, o
rendimento médio por habitante diminuiu em 2009 para $3.801,6, o que deve ter
agravado as condições de vida da população mais pobre.
O impacto da crise
financeira global e a quebra na produção petrolífera provocou um abrandamento
significativo do crescimento entre 2009 e 2011, para uma média de apenas 2,5%.
Em 2012, deu-se um aumento em 4,3% na produção petrolífera angolana. No período
de Janeiro de 2009 a Dezembro de 2010 ocorreu a grande crise financeira e
económica internacional que deixou em Angola de rastos, e que ainda hoje
influencia o comportamento do PIB.
É pouco credível que o
País volte a ter registos de crescimento tão impressivos como os ocorridos
durante a “época das vacas gordas”. Ocorreram outros factos: diminuição das
receitas do petróleo, quer as destinadas à economia, quer as de propriedade do
Estado; decréscimo do investimento público em 7,5%; forte atenuação do
crescimento económico (taxa média anual de 2,8%); subida da taxa de inflação; e
instalação de um clima de certo descrédito quanto às capacidades e dinâmicas de
crescimento sustentável da economia. O preço médio mensal do barril do petróleo
foi de 70,5 USD.
Iniciaram-se então
programas de diversificação da economia, visto que esse era o maior entrave no
processo de desenvolvimento económico sustentável no país. O período 2013-2014
foi marcado por uma grande aposta do governo, sendo definidas políticas assentes
na diversificação da economia, e no investimento publico e privado nas
infraestruturas.
Desde 2014 aos nossos
dias, o desfecho da crise é ainda imprevisível, pois devido à falta de uma
estratégia clara, carência de financiamentos e uma corrupção a níveis inamagináveis.
As consequências são sobejamente conhecidas, sentidas e vividas
quotidianamente, pelo que o manto dos problemas por ela gerados cobrirá Angola
por longo tempo.
Portanto, a economia
angolana encontra-se assim numa fase de transição no seu processo de
desenvolvimento, de factor-driven,
muito dependente da exportação de petróleo em bruto, para efficiency-driven, orientada para o crescimento e diversificação
dos setores de produção interna não ligados à atividade petrolífera. A exploração
dos recursos naturais, sobretudo do petróleo, e, mais recentemente, do gás
natural e das demais reservas minerais ainda por explorar continuarão a ser a
médio-prazo o principal motor do desenvolvimento da economia angolana.
Tito
Correia
[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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