sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Crescimento económico de Angola

O fim do conflito armado interno em Angola promoveu a estabilidade política e social em 2002, abrindo portas para crescimento e desenvolvimento da economia. Porém, Angola enfrentou inúmeros desafios na questão do desenvolvimento, isto porque a sua dependência no petróleo e má gestão pública contribuíram para que uma vasta porção da população ainda esteja a viver na pobreza, sem um acesso a serviços públicos adequados. o país enfrentou, assim, uma árdua tarefa no que toca à canalização de fundos para a reconstrução das infraestruturas e à redução da pobreza.

Angola veio apresentando altas taxas de crescimento económico influenciadas pelo aumento de produção e altos níveis de preço do petróleo. A produção de petróleo e as atividades inerentes à produção contribuíam em cerca de 85% para o PIB, sendo que a extração e exportação de diamantes contribuíram com cerca de 5% para o PIB. Em 2004, houve uma retoma do crescimento, que atingiu os 11 por cento, devido à exploração de novas jazidas petrolíferas. O crescente aumento da produção de petróleo deveria permitir que se atingisse os 15 por cento em 2005 e os 25 por cento em 2006.

Segundo o relatório do CEIC (2010), o crescimento económico observado entre 2002 e 2008 foi de natureza essencialmente quantitativa, que beneficiou de uma elevada taxa de poupança global, com incidência nos empréstimos externos e no investimento estrangeiro direto, em particular nos setores do petróleo, diamantes e construção civil, sendo que estas atividades juntas sustentam um percentual superior a 70% do PIB angolano. Este crescimento verificou-se no PIB per capita de Angola, que era de US$745,8 (dólares americanos) em 2002, e que teve um crescimento ascendente até ao ano de 2008, quando chegou ao seu apogeu de US$ 4.592,6. Porém, com a queda do nível geral da atividade, o rendimento médio por habitante diminuiu em 2009 para $3.801,6, o que deve ter agravado as condições de vida da população mais pobre.

O impacto da crise financeira global e a quebra na produção petrolífera provocou um abrandamento significativo do crescimento entre 2009 e 2011, para uma média de apenas 2,5%. Em 2012, deu-se um aumento em 4,3% na produção petrolífera angolana. No período de Janeiro de 2009 a Dezembro de 2010 ocorreu a grande crise financeira e económica internacional que deixou em Angola de rastos, e que ainda hoje influencia o comportamento do PIB.

É pouco credível que o País volte a ter registos de crescimento tão impressivos como os ocorridos durante a “época das vacas gordas”. Ocorreram outros factos: diminuição das receitas do petróleo, quer as destinadas à economia, quer as de propriedade do Estado; decréscimo do investimento público em 7,5%; forte atenuação do crescimento económico (taxa média anual de 2,8%); subida da taxa de inflação; e instalação de um clima de certo descrédito quanto às capacidades e dinâmicas de crescimento sustentável da economia. O preço médio mensal do barril do petróleo foi de 70,5 USD.

Iniciaram-se então programas de diversificação da economia, visto que esse era o maior entrave no processo de desenvolvimento económico sustentável no país. O período 2013-2014 foi marcado por uma grande aposta do governo, sendo definidas políticas assentes na diversificação da economia, e no investimento publico e privado nas infraestruturas.

Desde 2014 aos nossos dias, o desfecho da crise é ainda imprevisível, pois devido à falta de uma estratégia clara, carência de financiamentos e uma corrupção a níveis inamagináveis. As consequências são sobejamente conhecidas, sentidas e vividas quotidianamente, pelo que o manto dos problemas por ela gerados cobrirá Angola por longo tempo.

Portanto, a economia angolana encontra-se assim numa fase de transição no seu processo de desenvolvimento, de factor-driven, muito dependente da exportação de petróleo em bruto, para efficiency-driven, orientada para o crescimento e diversificação dos setores de produção interna não ligados à atividade petrolífera. A exploração dos recursos naturais, sobretudo do petróleo, e, mais recentemente, do gás natural e das demais reservas minerais ainda por explorar continuarão a ser a médio-prazo o principal motor do desenvolvimento da economia angolana.

 

Tito Correia

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

Sem comentários: