domingo, 21 de novembro de 2021

A crise no setor automóvel e a crescente procura por carros elétricos

Nos últimos anos, a indústria automóvel portuguesa tem vindo a evoluir, fazendo progressos a nível tecnológico e competitivo, tornando-se numa indústria qualificada. Portugal apresenta uma posição bastante importante e competitiva para atrair investimento no que respeita à sua localização e tem, assim, contribuído para que a Europa seja líder na exportação de veículos. Esta indústria intensiva em capital representa 19% do PIB.

Com o aparecimento da pandemia, este cenário alterou-se, registando um desmoronamento abrupto do mercado. Num ano em que grande parte dos setores da Economia foram fortemente atingidos pela pandemia, o setor automóvel registou uma queda de 33,9% em Portugal.

Este setor permaneceu estagnado ou com pouco crescimento, apesar de no pós-confinamento ter apresentado melhorias. No entanto, o progresso não durou muito tempo, pelo que em meados de 2021, o mercado automóvel registou a maior queda desde 1990. Esta crise deveu-se à escassez de semicondutores, que são materiais necessários para a construção de uma viatura com motor a combustão, de modo a garantir a segurança (e não só), o que levou à redução ou mesmo paralisação da produção nas fábricas automobilísticas.

Com poucos produtores no mundo, destacando-se a China, os eventos inesperados que surgiram como a pandemia e outras catástrofes naturais (incêndios), têm condicionado a produção de chips. Nos países da Ásia tem havido vários surtos que obrigam ao encerramento temporário de fábricas ou à ida de determinados grupos de trabalhadores para casa. Como não é possível o teletrabalho nestes casos, a produção ficou condicionada.

Esta crise surgiu uma vez que, com a pandemia, o número de pessoas em teletrabalho aumentou, assim como o ensino online. Logo, as vendas de material informático e de telecomunicações aumentaram, sendo esses produtos utilizadores massivos de semicondutores. Ora, não havendo semicondutores suficientes para a produção de automóveis, temos uma situação em que a procura é superior à oferta de carros novos com motor a combustão, situação em que nem os produtores nem consumidores estão satisfeitos.

Assim, o excesso de procura de carros novos está a aumentar a venda de carros 100% elétricos, uma vez que as marcas têm maior disponibilidade deste tipo de viaturas e devido à crescente preocupação dos indivíduos na luta contras as alterações climáticas. Portugal é um dos países da Europa que vende mais carros elétricos, tendo sido registado um aumento das vendas de 55,3% em 2020, comparando com 2019.

Concluindo, justifica-se a intervenção do Estado para resolver este obstáculo que diminui a competitividade das empresas através de, por exemplo, a conceção de apoios às empresas, à alteração do regime de lay-off, no sentido de permitir o acesso imediato a empresas que apresentem perdas acima de um certo patamar num determinado espaço de tempo, e acesso facilitado ao crédito. Para além disso, é importante que o Estado continue a apoiar a compra de veículos elétricos e tome determinadas medidas quanto a carros antigos, por exemplo, com idade média de 17 anos, que emitam uma determinada quantidade de gases poluentes. Estas medidas passam por tirar esses carros de circulação de determinadas zonas urbanas ou mesmo abatê-los.

É de notar que o setor dos veículos elétricos é de grande importância na economia portuguesa e poderia representar cerca de 5% do PIB.

 

Sofia Salgado

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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