Nos últimos anos, a indústria automóvel portuguesa tem vindo a evoluir, fazendo progressos a nível tecnológico e competitivo, tornando-se numa indústria qualificada. Portugal apresenta uma posição bastante importante e competitiva para atrair investimento no que respeita à sua localização e tem, assim, contribuído para que a Europa seja líder na exportação de veículos. Esta indústria intensiva em capital representa 19% do PIB.
Com
o aparecimento da pandemia, este cenário alterou-se, registando um
desmoronamento abrupto do mercado. Num ano em que grande parte dos setores da
Economia foram fortemente atingidos pela pandemia, o setor automóvel registou
uma queda de 33,9% em Portugal.
Este
setor permaneceu estagnado ou com pouco crescimento, apesar de no pós-confinamento
ter apresentado melhorias. No entanto, o progresso não durou muito tempo, pelo
que em meados de 2021, o mercado automóvel registou a maior queda desde 1990.
Esta crise deveu-se à escassez de semicondutores, que são materiais necessários
para a construção de uma viatura com motor a combustão, de modo a garantir a
segurança (e não só), o que levou à redução ou mesmo paralisação da produção
nas fábricas automobilísticas.
Com
poucos produtores no mundo, destacando-se a China, os eventos inesperados que
surgiram como a pandemia e outras catástrofes naturais (incêndios), têm
condicionado a produção de chips. Nos
países da Ásia tem havido vários surtos que obrigam ao encerramento temporário
de fábricas ou à ida de determinados grupos de trabalhadores para casa. Como
não é possível o teletrabalho nestes casos, a produção ficou condicionada.
Esta crise surgiu uma vez que, com a pandemia, o número de pessoas em teletrabalho aumentou, assim como o ensino online. Logo, as vendas de material informático e de telecomunicações aumentaram, sendo esses produtos utilizadores massivos de semicondutores. Ora, não havendo semicondutores suficientes para a produção de automóveis, temos uma situação em que a procura é superior à oferta de carros novos com motor a combustão, situação em que nem os produtores nem consumidores estão satisfeitos.
Assim, o excesso de procura de carros
novos está a aumentar a venda de carros 100% elétricos, uma vez que as marcas
têm maior disponibilidade deste tipo de viaturas e devido à crescente
preocupação dos indivíduos na luta contras as alterações climáticas. Portugal é
um dos países da Europa que vende mais carros elétricos, tendo sido registado
um aumento das vendas de 55,3% em 2020, comparando com 2019.
Concluindo, justifica-se a
intervenção do Estado para resolver este obstáculo que diminui a
competitividade das empresas através de, por exemplo, a conceção de apoios às
empresas, à alteração do regime de lay-off,
no sentido de permitir o acesso imediato a empresas que apresentem perdas acima
de um certo patamar num determinado espaço de tempo, e acesso facilitado ao
crédito. Para além disso, é importante que o Estado continue a apoiar a compra
de veículos elétricos e tome determinadas medidas quanto a carros antigos, por
exemplo, com idade média de 17 anos, que emitam uma determinada quantidade de
gases poluentes. Estas medidas passam por tirar esses carros de circulação de
determinadas zonas urbanas ou mesmo abatê-los.
É de notar que o setor dos veículos
elétricos é de grande importância na economia portuguesa e poderia representar
cerca de 5% do PIB.
Sofia
Salgado
[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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