quinta-feira, 13 de outubro de 2016

A Adesão da Turquia à União Europeia

A negociação da adesão da Turquia à União Europeia já dura há mais de cinco décadas, desde 1960, apesar de ser um país membro de várias organizações regionais e internacionais como, por exemplo, a OCDE.
  Quando a Turquia começou a sua tentativa de aderir à União Europeia esta era denominada por Comunidade Económica Europeia (CEE). Em 1963, a Turquia assinou um Acordo de Associação com a CEE, conhecido por “Acordo de Ancaramas”, mas o pedido oficial para integrar a União Europeia surgiu apenas em 1987. A resposta surgiria em dezembro de 1989, salientando a falta de condições legislativas e políticas para iniciar as negociações de adesão. Desde então e após várias cimeiras, a Turquia nunca viu aceite o seu pedido de adesão.
Existem uma série de argumentos usados para recusar a adesão da Turquia à União Europeia. Um deles prende-se com a geografia do país em questão. A Turquia, enquanto país, é enorme e, geograficamente, está dividida por dois continentes: mais de 90% pertence à Ásia e a restante percentagem pertence à Europa. Será sustentável um país que pertence praticamente a outro continente entrar para a União Europeia? Espera-se, também, que em 2020 a Turquia tenha mais de 100 milhões de habitantes, tornando-se assim o Estado Membro mais recente e com mais população.
Também não nos podemos esquecer da questão religiosa, onde a Turquia é praticamente muçulmana. A perda de representatividade nas instituições comunitárias por parte dos atuais Estados Membros também é uma das críticas frequentemente ouvidas, pois a Turquia seria, caso fizesse parte da União Europeia, o maior Estado Membro, sendo ainda o Estado Membro com mais deputados europeus e com maior peso na votação do Conselho. A nível económico, é muito argumentado que a Turquia é demasiado pobre para fazer parte da UE: mais de um terço da população da Turquia trabalha nos campos e o seu PIB continua a ser cerca de metade do PIB do nosso país, Portugal, o que, comparando a dimensão dos dois países, é preocupante.
Contudo, nem tudo são argumentos contra a entrada, como por exemplo o facto da Turquia apresentar uma taxa de natalidade positiva, que poderia colmatar o problema europeu do envelhecimento da sua população. A localização da Turquia também faria dele um parceiro de primeira linha nas questões energéticas (petróleo, gás, etc.) que a União Europeia enfrenta atualmente. O território turco é ponto de passagem de diversos recursos naturais entre os vários continentes, o que poderia fazer com que diminuísse a dependência energética da Europa face à Rússia. Também se pode encarar o problema da religião de outra forma: a adesão de um país maioritariamente muçulmano sublinharia os valores de tolerância e respeito por outras religiões dentro da União Europeia. Estrategicamente, a adesão da Turquia traria vantagens pela sua posição geográfica e o seu peso político (a Turquia dispõe de uma das forças armadas mais importantes da NATO). A adesão da Turquia seria uma mais-valia para a Política Externa e de Segurança Comum.
Do meu ponto de vista, a imagem que traria a adesão da Turquia, um país quase totalmente muçulmano, à União Europeia, quanto ao respeito e à tolerância, não seria de ignorar bem como a importância militar e estratégica desta. Contudo, e apesar da vontade da Turquia querer fazer parte da União Europeia, nem tudo são vantagens para o país em questão! A liberdade de circulação para se estabelecerem noutro Estado Membro, poderia originar uma fuga de “cérebros”, o que iria prejudicar o desenvolvimento da Turquia, não estando esta preparada para tal. Um país ainda tão pouco desenvolvido adere à União Europeia com o objetivo de se desenvolver. Ora, poderia acontecer exatamente o efeito oposto ao previamente desejado.
Posto isto tudo, a minha opinião é de que tanto o lado de “fora” (o dos Estados Membros da União Europeia) como o lado de “dentro” (o da Turquia) vão continuar as negociações até que seja sustentável a adesão Turca.

Adriano Macedo

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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