sábado, 8 de outubro de 2016

Deflação: o Paraíso?

No contexto económico, sempre ouvimos falar da inflação ou seja, no aumento do nível geral dos preços dos bens e serviços. No entanto, do outro lado da moeda encontramos a deflação, que não é nem mais nem menos do que um fenómeno inverso da inflação. Estamos perante a deflação quando ocorre uma queda sustentada nos preços dos bens e serviços de uma dada economia. Visto desta forma, este cenário de deflação aparece aos nossos olhos como o chamado paraíso já que, sendo consumidores e com a queda do preço dos bens e serviços, podemos adquiri-los por um preço mais baixo. Com esta visão, como não concordar que um cenário de deflação traduz-se num cenário perfeito. Mas será mesmo assim?
A deflação, muito pelo contrário, é apenas mais uma ilusão do paraíso, do cenário perfeito. Na realidade, a deflação é apenas mais um entrave para o crescimento das economias como a economia portuguesa. Mas como assim a descida dos preços pode afetar o crescimento de uma economia? Meus caros, esta explicação reside no facto do consumidor ser racional. Mas, como assim? O consumidor ao constatar ou prever que os preços futuros irão baixar relativamente aos preços de hoje, obviamente que irá adiar as suas decisões, ou seja, decidir comprar no futuro quando os preços baixarem.
Deste modo, a procura vai diminuir levando os preços a diminuírem ainda mais, fazendo com que os consumidores se sintam mais incentivados a adiar as sua decisões pois sabem que a tendência do preço é baixar mais e mais. Por outro lado, a oferta diminui visto que as empresas vendem menos, aumentando o seu stock e por consequência diminuindo a sua produção. Tudo isto só leva à queda da economia já que o crescimento económico é fortemente afetado.
Outro problema causado pela inflação será o endividamento. Quanto menor for a taxa de inflação, maior a dificuldade em suportar a Dívida. As taxas de juros reais serão mais elevadas, ficando os credores em maus lençóis já que os devedores deixam de pagar as suas dívidas, empréstimos ou obrigações. Com isso, não há geração de riqueza e o que será de uma economia sem geração de riqueza? Assim como os devedores não conseguem cumprir com as suas obrigações, ela também não tem como cumprir com os dela e amortizar a Dívida. Assim pergunto: Será mesmo a deflação o Paraíso ou uma ilusão?

Mara Almeida

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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