sábado, 8 de outubro de 2016

Turismo em Portugal

            É no início da década de 60 do séc. XX, quando o fenómeno turístico apresenta um crescimento intenso a nível mundial, que, em Portugal, se começa a criar um ambiente de interesse por este sector. O turismo é uma das atividades económicas mais importantes em Portugal, onde, para além do seu impacto na Balança de Pagamentos, no Produto Interno Bruto (PIB) e do seu papel na criação de emprego, investimento e rendimento, é-lhe também reconhecida a função de “motor” de desenvolvimento de outras atividades económicas.
         Portugal centrou essencialmente a atividade turística num único produto inicialmente: o produto tradicional “Sol e Mar”, mais conhecido pelo turismo dos 3 “S” – Sun, Sea and Sand. A necessidade de responder à pressão competitiva de países, e de atender, também ao fortalecimento da cultura e preservação do património, dá lugar a um “Novo Turismo”, caracterizado pelos 3 novos “S” - Sophistication, Specialization and Satisfaction.
         As exportações do sector corresponderam a 15% das exportações totais de Portugal e a balança de turismo e viagens representa mais de 4% do PIB português. Segundo o World Travel & Tourism Council, o turismo contribuiu em 2015 para 8,9% do investimento e 7,9% do emprego em Portugal (um valor que sobe para mais de 19% se contabilizados também os efeitos indiretos e induzidos).
         Lisboa, Madeira e Algarve são as três regiões que apresentam maior percentagem de turismo. Algarve, pelo seu clima e temperatura da água, Lisboa, pela sua história, contemporaneidade, monumentos e museus, e a Ilha da Madeira, com a sua floresta laurissilva, classificada de Património da Humanidade pela UNESCO, pelo seu clima ameno, pelas paisagens exuberantes e pela sua gastronomia.
Um outro tipo de turismo que tem vindo a ser encarado como uma forte possibilidade de diversificação e consequente criação de riqueza é o turismo em espaço rural. As múltiplas áreas rurais que assistiram à quase extinção da atividade agrícola podem encontrar neste tipo de turismo uma forma de gerar rendimentos complementares à agricultura, de recuperar níveis demográficos, assegurar a conservação e/ou recuperação de patrimónios arquitetónicos e a dinamização e divulgação de produtos regionais, como o artesanato ou a gastronomia e, sobretudo, a manutenção da paisagem e de modos de vida tradicionais. A oferta deste tipo de turismo encontra-se mais concentrada no litoral norte de Portugal – cerca de 1/3 do total nacional – e no Alentejo – com mais de 10% – duas áreas que, tradicionalmente, não costumavam fazer parte dos destinos turísticos mais comuns.
         Perante o reconhecimento do turismo como um dos mais importantes recursos económicos nacionais, num tempo que privilegia o lazer e as viagens, transformando os espaços em espetáculos para consumo turístico, torna-se cada vez mais evidente a necessidade de Portugal se abrir a novos mercados e de apostar mais fortemente na promoção de produtos de exceção. Entretanto, também é urgente trabalhar melhor no campo da formação profissional, para se atingirem melhores padrões de qualidade. O facto do sector turístico se encontrar sujeito a uma constante e crescente competitividade torna-o alvo da necessidade de investimentos constantes de forma a permitir a inovação e a atracão, evitando o declínio.
          A possibilidade ganha por Portugal de organizar eventos de grande visibilidade, como foi o caso da Expo'98 e do Euro2004, representou uma excelente oportunidade de promoção turística de um país que, cada vez mais, procura a notoriedade através da dinamização e da consolidação do setor turístico. Entretanto, também importará ter em conta que esta notoriedade depende bastante do espaço, não só em termos de qualidades turísticas, mas também de equilíbrio e respeito pelo ambiente e pelas necessárias regras de construção e utilização.
         Em suma, o Turismo é uma boa aposta de futuro pois a evolução das receitas é significativa, tendo mesmo o número de turistas ultrapassado a população portuguesa, ajudando ao mesmo tempo a preservação de monumentos e de espaços verdes.

Paulo Ferreira

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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