segunda-feira, 10 de outubro de 2016

António Guterres, a esperança mundial

Com o nome do ex-primeiro ministro português António Guterres a correr mundo, não poderia deixar de escrever sobre este assunto. Esta quinta-feira, dia 6 de outubro de 2016, foi, oficialmente, recomendado pelo Conselho de Segurança da ONU para secretário-geral após longos meses de campanha.
O apoio da diplomacia portuguesa aliado à experiência do português tornaram-no no próximo secretário-geral das Nações Unidas. Desde o Presidente da República ao embaixador português em Nova Iorque, ao Primeiro-Ministro e aos restantes membros da diplomacia portuguesa, todos merecem uma palavra de gratidão pelo processo que foram capazes de dirigir. Contudo, não podemos ignorar as qualidades inatas que tornam António Guterres o candidato ideal ao mais alto cargo da ONU, as quais foram visíveis ao longo de todo o seu percurso enquanto Primeiro-Ministro português e Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados.
Esta eleição, como já tem vindo a ser referido por várias entidades nacionais, é uma questão de prestígio para o país, demonstrando aos mais poderosos que os pequenos também são grandes. A recomendação feita pelo Conselho de Segurança da ONU, de certa forma, já não foi uma surpresa para o mundo dadas as sucessivas vitórias de António Guterres nas votações informais que se realizaram. Todavia, a recomendação foi uma “chapada de luva branca” na tentativa de golpe que foi a candidatura de última hora da búlgara e vice-presidente da Comissão Europeia, Kristalina Georgieva, apoiada pela diplomacia alemã. O nome de António Guterres surge após a última votação informal, e primeira da candidata búlgara, em que o português obteve 13 votos de “encorajamento”, 0 votos de “desencorajamento” e 2 votos “sem opinião”. Com este resultado, a ONU pode dar continuação ao processo de transparência a que se propôs e talvez os organismos europeus e mundiais venham a aprender com esta recomendação.
“Só tenho duas palavras: humildade e gratidão”. Estas são as palavras que iniciam a primeira intervenção pública de António Guterres após a recomendação do Conselho de Segurança da ONU, uma intervenção breve mas concisa, agradecendo aos mais diversos elementos da ONU e aos diplomatas portugueses e salientando que o secretário-geral da ONU é Ban Ki-moon, sendo o seu nome ainda uma recomendação.
A expectativa atual é a de mudança, a de reestruturação de um organismo que tem no poder da palavra o poder de decisão. Espera-se que com António Guterres este poder seja mais eficaz, tendo maior alcance e beneficiando o mundo. Contudo, este não será um caminho fácil: tem pela sua frente inúmeros desafios aos quais terá de dar resposta (esperamos nós – o mundo). A crise militar, a crise humanitária, a crise dos refugiados, as alterações climáticas, a guerra na síria, a questão que é o médio oriente, o conflito na Ucrânia, a igualdade de género, as armas nucleares e a reforma da ONU são as “bolas de fogo” que António Guterres terá pela frente no seu mandato enquanto secretário-geral da ONU.
Da minha parte, só me resta dizer: “o melhor ganhou” e não é só por ser português (mas também é) o melhor para esta nova etapa!

Carolina Moreira Maia

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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