terça-feira, 4 de outubro de 2016

Têxteis Técnicos – um Caminho para o Futuro

As empresas portuguesas estão a triunfar no mundo novo do têxtil técnico, onde um simples fio é mais do que aparenta e qualquer tecido pode esconder poderes funcionais quase milagrosos.
Do sportswear que melhora a performance a casacos que avisam os trabalhadores se estes se aproximarem de veículos em movimento, o vestuário inteligente está cada vez mais próximo dos consumidores. Um exemplo destas técnicas é uma camisola confecionada em Barcelos, com uma malha técnica de alta performance, que permite a transmissão de ar dando uma solução fina e leve, confortável, de alta respirabilidade, pronta a fazer a gestão da humidade do corpo. Para além disso também tem propriedades antibacterianas e uma função termorreguladora, através de produtos encapsulados que passam ao estado liquido para arrefecer o corpo quando este aquece e se tornam sólidos, para o aquecer, quando fica frio. Nesta empresa, parte dos trabalhadores estão centrados em atividades de investigação e desenvolvimento e 10% do volume do negócio é canalizado para a inovação. O foco é o desenvolvimento de malhas técnicas para segmentos da moda ao desporto e até ao vestuário de proteção.
Entre novos projetos, numa empresa de Santo Tirso há malhas para mantas com fibras de alta performance e poderes de acumulação capazes de transformar o calor do corpo e da luz em radiações de infravermelhos que mantêm o corpo saudável e quente, malhas com fios condutores que permitem monitorizar o corpo humano.
Segundo Paulo Vaz, diretor geral da Associação Têxtil e Vestuário, “Mais de 70% dos materiais e aplicações que farão o amanhã desta atividade (têxtil) estão ainda por inventar”. A realidade é que quando falamos de têxteis técnicos associamos imediatamente a nanotecnologia, engenharia de materiais, entre outras técnicas relacionadas com a ciência e a tecnologia. O peso exato deste segmento de negócio é ainda difícil de contabilizar visto que tudo o que é feito com têxteis técnicos ainda é contabilizado no têxtil tradicional.
Nas contas da ATP, o peso real dos têxteis de alta tecnicidade poderá duplicar estes números. “Nas nossas estimativas, 20% a 25% do volume de negócios do sector estarão já aqui.” E a percentagem poderá registar “um crescimento exponencial” nos próximos anos, para chegar ao final da década já nos 30%, antecipa o Plano Estratégico desenhado para a indústria têxtil no horizonte de 2020. “Será já uma percentagem próxima da média de indústrias desenvolvidas nesta área, como a Alemanha, com os seus 40%, mas ainda muito longe da realidade de países como a Finlândia, onde a quota dos têxteis de alta tecnicidade ronda 70%”, refere Paulo Vaz.
De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística, quando olhamos para os têxteis técnicos, estes valem 600 milhões de euros, o que equivale a 10% do volume de negócios do sector (6,4 mil milhões de euros). No Plano Estratégico do sector, os “têxteis técnicos e funcionais” são, assim, apontados como uma das oportunidades abertas à fileira no horizonte de 2020. A confirmar o otimismo da previsão, as exportações de têxteis técnicos (números oficiais) cresceram 10,8% no ano passado.
Depois de tudo isto, fica claro que Portugal deve apostar no têxtil técnico, visto que nos vai levar à inovação e crescimento económico numa área na qual já somos reconhecidos no mundo.

Ana Filipa Lopes Marinho

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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