quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Disparidades económicas e sociais na União Europeia:

A União Europeia alberga uma população de aproximadamente 510 milhões de habitantes e as disparidades económicas e sociais são bem visíveis entre os seus membros. A grandeza e complexidade deste espaço comunitário fazem com que os ideais de coesão, simetria e sustentabilidade nem sempre se verifiquem. Através de alguns dados estatísticos apresentados seguidamente é possível apurar algumas das diferenças:
A nível económico, as assimetrias fazem-se sentir logo no PIB per capita, medido pelo poder de compra standard, que varia entre 46% (Bulgária) e 270% (Luxemburgo) dos 28 estados membros (contabilizando o Reino Unido).
Portugal pertence ao grupo de países com maiores desigualdades de rendimentos e é também um dos estados com maior proporção de trabalhadores a auferirem níveis salariais mais baixos. Portugal surge em 11º, com um salário mínimo de 589 euros (505 euros pagos a 14 meses dividido por 12 meses). O país com o valor mais elevado é o Luxemburgo (1.923 euros) enquanto a Bulgária tem o mais baixo (184 euros).
A desigual distribuição dos excedentes gerados na UE faz com que alguns países, como Portugal, sejam mais afetados pelas recentes crises. A integração europeia nunca teve uma política industrial que permitisse uma divisão do trabalho eficiente entre sectores e regiões europeias, tendo mesmo contribuído para gerar desequilíbrios externos e condenar muitas regiões ao desemprego. Na ausência de uma política económica europeia, acaba por ser a Alemanha a liderar essa política em função dos seus próprios interesses.
Assiste-se hoje em dia ao aumento das formas de trabalho atípicas e precárias, associadas a baixas remunerações, fracos contratos e desemprego. Os trabalhos mal remunerados e inseguros fazem crescer o risco de pobreza. Segundo dados relativos a 2014, aproximadamente 1/5 (19,5%) da população portuguesa vive em risco de pobreza, ou seja, com um rendimento abaixo do limiar de 60% do rendimento médio nacional. Na UE, eram cerca de 75 milhões de pessoas, aproximadamente 15% do total, que se encontravam nesta situação.
Os níveis de formação são um fator essencial para o desenvolvimento socioeconómico de qualquer país ou região e o abandono da educação é um dos indicadores que melhor expressa as desigualdades educacionais entre países. A competitividade da economia da UE e a sua capacidade de alcançar taxas de crescimento aceitáveis numa economia cada vez mais globalizada dependem sobretudo dos conhecimentos e das competências da sua população. No caso português, embora se tenham colmatado algumas disparidades com o alargamento da escolaridade obrigatória, a política de baixos salários torna-se incompatível com o desenvolvimento económico. Os baixos salários incentivam a fraca qualificação e o abandono escolar, na medida em que o emprego criado pelas empresas é, na sua maioria, de baixa escolaridade, de baixa qualificação e mal pago. Tendo em conta o abandono no ensino secundário, segundo dados de 2012, os países com taxas de abandono mais baixas são a República Checa (5,5%), a Eslováquia (5,3%), e a Eslovénia (4,4%). Espanha (24,9%), Malta (22,6%) e Portugal (20,8%) destacam-se, pelo contrário, pelos valores ainda muito elevados, mostrando maiores dificuldades no que respeita à inclusão alargada de uma população jovem na educação pós-básica. No conjunto da EU, este valor situa-se nos 12,8%, em 2012.
Em apenas alguns indicadores económicos e sociais chega-se à conclusão que no espaço comunitário existem enormes disparidades aos mais diversos níveis e se as entidades governativas não atuarem eficazmente na redução das assimetrias, estas tendem a agravar-se com os sucessivos processos de alargamento e com as crises económicas e sociais.

João Paulo Batista Duarte

Bibliografia:
Livro: “Espaço Português, ensino secundário” - 2008, edições ASA

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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