quinta-feira, 13 de outubro de 2016

É mais fácil ser jovem em Portugal?

Entre 2000 e 2013, a taxa de desemprego aumentou de forma contínua, alcançando um máximo de 16,2%. Atendendo a que, por norma, um aumento do desemprego retrai o consumo, diminuindo a produção e, por consequência, o produto do país, o fenómeno constitui uma enorme preocupação para a sociedade como um todo e, em particular, para os decisores políticos que assistem a um período de cada vez maior desaceleração económica, não conseguindo inverter a recessão mundial.
 Ora, o facto de o desemprego aumentar implicou uma dificuldade acrescida para os jovens ingressarem no mercado de trabalho. Por consequência, a taxa de desemprego jovem acompanhou a tendência, sendo que em 2013 atingiu os 38,1%, constituindo um dos valores mais elevados da União Europeia. O fenómeno é particularmente relevante quando reparamos que estes números não são apenas compostos por jovens com níveis de escolaridade baixos, mas também pelos possuidores de educação superior.
Contudo, após o máximo alcançado em ambas as taxas de desemprego apresentadas anteriormente, o rumo inverteu-se no final de 2014. Apesar de a taxa de desemprego jovem atual rondar os 28,6%, não se pode considerar um valor bom, uma vez que ainda é considerado um valor elevado, quando comparado com a taxa média de desemprego jovem da União Europeia - 18,6%.
Os motivos de taxas tão elevadas são variados, podendo-se apontar, sobretudo, as condições laborais existentes (por exemplo, é mais fácil contratar um jovem a regime temporário), a falta de experiência dos jovens, o fraco crescimento económico (a par das condições laborais, é mais fácil despedir quem está há menos tempo na empresa), o aumento da idade da reforma (tornando mais difícil a empregabilidade de jovens) e a desadequação dos cursos oferecidos às necessidades do país.
Quais as consequências de tão elevada taxa de desemprego jovem? É indubitável que a situação já frágil da Segurança Social se vê ainda mais agravada, visto que não se procede à renovação da população ativa nos números ideais. Para além disso, os líderes do futuro são os jovens da atualidade. Sem o espírito crítico de alguém sedento de mostrar as suas capacidades, bem como as capacidades tecnológicas tão em voga nos estudantes atuais, estará o país preparado para aumentar os níveis de produtividade para os valores desejados? Além disso, para o assunto em discussão, importa referir que o Estado comparticipa em elevados valores para que o acesso ao ensino superior seja possível para todas as classes, ao invés da elite do passado. Investe na educação dos jovens esperando que estes no futuro retribuam, através do pagamento de impostos, do consumo... Desta forma, o país, ao estar a perder muitos dos seus licenciados para o estrageiro está, evidentemente, a fazer um mau investimento, pelo que se deverá evitar a todo o custo que esta taxa de desemprego continue em valores elevados. Por outro lado, parte dos jovens que decidem ficar, acabam por nem conseguir trabalhar na área para a qual estão formados, fazendo com que percam competências e nunca trabalhem na sua área.
E é mais fácil atualmente? É ligeiramente mais fácil! O crescimento económico, apesar de fraco, contribuiu para que a taxa de desemprego diminuísse e o Estado (por intermédio das instituições de ensino e das empresas) tem criado incentivos para que este fenómeno melhore. Contudo, não está tudo feito. É necessário fazer algo mais. Precisamos de jovens mais ativos e mais empenhados. Perante um mercado em constante mudança, é necessário investir nas competências transversais, ou seja, é preciso tornar os nossos jovens mais versáteis para que consigam responder a qualquer adversidade. Do ponto de vista económico, é necessário crescimento económico sustentável para que a tendência de decréscimo continue.
A principal solução deste fenómeno é o investimento imaterial. Investimento na formação e na educação dos jovens. O futuro dependerá daquilo que fizermos hoje.

Telma Silva

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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