sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Brexit: uma estrela na bandeira que quer cair

O brexit venceu com 51,9%. Mais de um milhão de votos de diferença. Mas quais serão as consequências para a União Europeia do resultado do referendo britânico? Quão perigoso poderá ser o abalo causado por este sismo?
"O que está feito está feito” e sim, agora sim, está feito. Os britânicos votaram para abandonar a UE. Deram uma facada na Europa. Resta saber quais serão as consequências dos ferimentos para a União e para o próprio Reino Unido.
Nos últimos dias de campanha as sondagens apontavam para uma vitória do bremain, as que foram divulgadas logo após o fecho das urnas indicavam o mesmo caminho, mas tudo começou a inverter-se durante a contagem. Às primeiras horas da madrugada, as principais estações televisivas britânicas baixaram as armas e assumiram que o brexit sairia vencedor da longa contagem de votos.
Assim foi: 51,9% dos britânicos votaram a favor da saída. Só a Escócia (61,9% contra 38,1%) e a Irlanda do Norte (55,7% contra 44,2%) votaram pela permanência.
Pela primeira vez, o povo de um país membro da União Europeia votou para recuperar a sua soberania. E agora? Durante a campanha, o primeiro-ministro britânico garantiu que se o brexit vencesse ele invocaria imediatamente o artigo 50 do Tratado de Lisboa. A partir desse momento começa a contagem decrescente de dois anos para o Reino Unido abandonar completa e definitivamente a União Europeia.
Ainda antes de o resultado ser conhecido, o referendo no Reino Unido mostrou-se uma fonte de inspiração para os políticos eurocéticos europeus. Em Itália, Beppe Grillo, líder do Movimento 5 Estrelas - que nas eleições municipais conquistou as autarquias de Roma e Turim -, já disse que quer um referendo sobre o euro e outro sobre a UE. Em França, Marine Le Pen, da Frente Nacional, que lidera as sondagens para a primeira volta das presidenciais do próximo ano, já garantiu que se for eleita chamará os franceses a referendar a Europa. Na Holanda e na Dinamarca também há movimentações no mesmo sentido. E agora, Europa? Será possível travar o contágio? Basta olhar para um número para facilmente compreender a avalanche provocada pela vitória do Brexit no referendo: 15%. É que é este o grande peso que o Reino Unido tem no PIB europeu, ou seja, na riqueza criada em toda a União Europeia. Daí as reações políticas desiguais - entre demissões e gritos de Ipiranga.
Como se de um terremoto se tratasse, os resultados do referendo no Reino Unido começam a fazer-se sentir nos mais diversos domínios da sociedade e da própria economia.
Réplica atrás de réplica, até os mais acérrimos defensores da saída do Reino Unido da União Europeia têm agora muitas dúvidas e muitos receios que, aparentemente, não detinham alguns dias antes do referendo. Ainda assim, Theresa May já apontou Março como uma possível data de início das negociações com Bruxelas.
Posto isto, podemos dizer que os apoiantes do Brexit podem ter ferido de morte a União Europeia mas poderão ter, igualmente, contribuído para matar o Reino Unido. E Cameron passará à história como seu coveiro!

Bela Diana Pinto Gomes

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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