quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Presidenciais dos Estados Unidos

Ponto prévio: gostaria que qualquer leitor deste artigo tivesse a consciência de que o próximo dia 8 de Novembro, nos Estados Unidos da América, terá uma influencia gigantesca no contexto Europeu, e também será um dia marcante para o que possa vir a acontecer futuramente nos mercados nacionais. Daí o encontra-lo no âmbito da cadeira de Economia Portuguesa e Europeia.
Posto isto, na procura do sucessor ao primeiro líder afro-americano, temos dois candidatos mais mediáticos, Donald Trump e Hillary Clinton. Alerto, previamente, os mais distraídos, que não são os únicos, no entanto é sobre estes que recaem os holofotes da comunicação social. Certamente, essas eleições irão também conduzir um deles ao lugar mais poderoso do mundo.
Perfis opostos, onde se, por um lado, nos fazem chegar o estilo de boa samaritana de Hillary Clinton, senhora de bons valores, sensível, com um coração enorme, humilde e pacífica, que certamente lhe irá valer muitos votos, por outro lado, temos o impetuoso e temperamental Donald Trump, de temperamento irascível, que diz aquilo que pensa, genuíno e a “marimbar-se” para o politicamente correto, e por muitos apelidado como a encarnação do mal.
Se, por um lado, temos os apoiantes de Hillary, que ao perfil que eu traço do Donald Trump responderiam provavelmente que a sinceridade e a genuinidade de Trump têm o benefício de mostrar a real “besta” que ele é, por outro lado, teremos os apoiantes de Trump que dirão que este candidato tem o condão de mostrar ao que vem. Ao invés de Hillary que não se sabe bem o que esperar dali, e onde muitos a consideram mais falsa do que Judas.
            Fugindo um bocado à minha tentativa de que este artigo seja imparcial, a grande questão, na minha opinião, passará por saber se os Americanos preferem manter-se na zona de conforto, mesmo esta podendo, eventualmente, ser negativa, ou irão dar um tiro no escuro, que poderá revelar-se bem pior.
A verdade é que tem sido feita uma enorme campanha para denegrir a imagem de Donald Trump, por vezes com a sua própria colaboração, e onde os atuais debates apenas têm servido para “encher chouriços”, pois quando há falta de argumentos por parte da candidata Democrata lá sai uma notícia estrategicamente plantada aqui ou acolá a mostrar como o seu opositor é machista, racista, xenófobo…
Temos de concordar que a Hillary tem tido mais simpatia por parte da imprensa, pois os media a têm protegido em demasia, no entanto não podemos esquecer certas frases proferidas por Donald Trump, como “vamos construir um muro entre os EUA e o México” ou, mesmo, sobre os chineses inventarem o aquecimento global para prejudicar a economia Americana, o que demonstra que não é preciso os media demonizarem Donald Trump pois, por vezes, ele trata disso sozinho. É curioso também referir que foi divulgado na passada quinta-feira, dia 6 de Outubro de 2016, uma sondagem realizada pela Win Gallup International (rede internacional da qual a empresa portuguesa Marktest é associada) que nos indica que se as eleições ocorressem em Portugal, Hillary Clinton venceria com 85% dos votos contra 5% de Donald Trump, em que 10% não saberiam em quem votar ou não responderam. Podemos interpretar isto de várias formas: uma, possível, imagem negativa que a imprensa Portuguesa nos traz de Donald Trump; e outra é a de que os Americanos se apresentam como sendo mais conservadores que os Portugueses.
Finalmente, que importância terão as eleições na América no contexto Português e Europeu, nomeadamente do ponto de vista socioeconómico? Caso a vencedora seja a Hillary, não  prevejo que haja grandes alterações às politicas atuais da Casa Branca, pelo que será previsível  que tudo permaneça com relativa estabilidade na zona Euro. Por outro lado, a vitória de Donald Trump será sempre uma incógnita, pois as pretensões que ele tem, principalmente, para a política de emigração, refugiados, e até mesmo no que respeita às relações económicas com a China e com a Rússia poderão acarretar grandes convulsões, isto tendo em conta a globalização económica. De qualquer modo, acredito que ambas as candidaturas estão de mãos atadas no cenário internacional, pois caso, por exemplo, Donald Trump começasse, eventualmente, a tentar “Brexitar” os Estados Unidos (tentando deste modo expulsar os emigrantes), o seu mandato começaria a desabar. Naturalmente que a zona euro bem como o resto do mundo também iriam passar por um período de convulsão, mas eu acredito que quem sofreria mais com tais medidas seriam os próprios Estados-Unidos, pois embora sejam o motor económico do mundo, nesta economia global necessitam dos restantes países. 
Em suma, acredito que qualquer que seja a opção não ficaremos servidos da melhor forma, mas também não “compro o peixe” que nos andam a tentar vender de que estamos perante uma eleição entre a bestial e o besta. Acredito sim, que uma vitória de Donald Trump nos levará a um mandato mais difícil de prever, onde pode correr bem, mas também pode correr mal, ao contrário de Hillary que aparentemente parece dar-nos mais garantias de um mandato tranquilo, sem fugir tanto à normalidade.

Pedro Eduardo Gonçalves Oliveira

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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