sábado, 1 de outubro de 2016

O envelhecimento da população

A partir da 2ª metade do século XX emergiu um novo fenómeno – o envelhecimento demográfico. A pertinência do estudo do processo de envelhecimento encontra-se no crescimento acentuado da população idosa a nível mundial. De facto, as estimativas apontam para a manutenção deste perfil ascendente, tornando o envelhecimento um fenómeno real e preocupante nas diferentes sociedades mundiais.
Na verdade, o termo «envelhecimento» é cada vez mais comum nas conversas ou pensamentos quotidianos de todos nós. Este pode ser de 2 tipos: envelhecimento na base ou no topo da pirâmide de idades, consoante resulta, respetivamente, da diminuição da percentagem dos jovens ou do aumento da percentagem de idosos. Estes dois tipos de envelhecimento estão interligados e têm como causas uma diminuição da fecundidade e/ou um aumento dos efetivos nas idades mais avançadas, ou seja, estamos perante um declínio da natalidade e um aumento da longevidade.
 Na Europa Ocidental e do Norte praticamente todos os países são envelhecidos quer na base quer no topo. Na Europa Oriental são, na generalidade, apenas envelhecidos na base, embora com uma tendência para o rejuvenescimento, já o Sul da Europa é uma zona duplamente envelhecida.  No caso de Portugal existe alguma discrepância: na região norte existe uma elevada percentagem de jovens enquanto que no Sul existe maior percentagem de idosos; já os distritos da faixa interior do país são muito envelhecidos no topo e os distritos do litoral são relativamente jovens no topo.  
Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), quando comparamos Portugal com o conjunto dos 28 Estados Membros, concluímos que Portugal é o quinto país com o valor mais elevado do índice de envelhecimento (relação entre o número de idosos e o número de jovens), o terceiro com o valor mais baixo do índice de renovação da população em idade ativa (relação entre o número de pessoas em idade potencial de entrada no mercado de trabalho, 20 a 29 anos de idade, e o número de pessoas em idade potencial de saída do mercado de trabalho ,55 a 65 anos de idade) e o terceiro com maior aumento da idade mediana entre 2003 e 2013. De facto, face a 2003, o índice de envelhecimento passou de 100 para 119 idosos por 100 jovens na UE 28.
Em Portugal, verifica-se também o envelhecimento da população em idade ativa. Em 2003, por cada 100 pessoas dos 55 aos 64 anos de idade existiam 136 pessoas com 20 a 29 anos de idade, valor que se reduziu para 84 em 2014. Porém, já desde 2010 que o número de pessoas em idade potencial de saída do mercado de trabalho não é compensado pelo número de pessoas em idade potencial de entrada no mercado de trabalho.
Outro indicador importante é a idade mediana, sendo que, em 2013, a idade mediana da população da UE 28 era de 42,2 anos e em Portugal era 43,1 anos. Entre 2003 e 2013, a idade mediana na UE 28 aumentou 3,0 anos. Neste período, verificou-se um aumento em todos os Estados Membros da UE 28, sendo que em Portugal e na Alemanha aumentou 4,0 anos.
Como referido no “World Population Ageing 2013”, relatório divulgado em 2013 pela Divisão de População das Nações Unidas, a proporção mundial de pessoas com 60 e mais anos de idade aumentou de 9,2% em 1990 para 11,7% em 2013, e espera-se que continue a aumentar, podendo atingir 21,1% em 2050. A população idosa é predominantemente composta por mulheres, porque estas tendem a viver mais do que os homens. Em 2013, a nível mundial, havia 85 homens por cada 100 mulheres no grupo etário dos 60 e mais anos, e 61 homens por cada 100 mulheres no grupo etário dos 80 e mais anos. É expectável que este rácio aumente moderadamente nas próximas décadas, refletindo uma melhoria ligeiramente mais rápida na esperança de vida dos homens nas idades avançadas.
No caso português, entre 1970 e 2014, a proporção da população jovem (0 a 14 anos de idade) diminuiu 14 pontos percentuais (p.p.), passando de 28,5% do total da população em 1970 para 14,4% em 2014. Por sua vez, o peso relativo da população idosa (65 e mais anos de idade) aumentou 11 p.p., passando de 9,7% em 1970 para 20,3% em 2014. A população em idade ativa (15 a 64 anos de idade) aumentou 3 p.p. entre estes anos: 61,9% em 1970 e 65,3% em 2014.  O número de idosos ultrapassou o número de jovens pela primeira vez, em Portugal, em 2000, tendo o índice de envelhecimento, atingindo os 141 idosos por cada 100 jovens em 2014.
Assim, o envelhecimento demográfico apresenta-se como um verdadeiro desafio para as sociedades contemporâneas que importa conhecer e dar resposta.
  
Cristiana Filipa Pereira Novo

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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