quarta-feira, 12 de outubro de 2016

CONFLITO GEO-POLITICO NA SÍRIA E O IMPACTO DA CRISE DE REFUGIADOS NA UE

A guerra civil na SÍRIA teve início em março de 2011, quando uma parte da população se manifestava contra o regime ditador de Bashar al-assad em contexto de uma revolução denominada primavera árabe. Com o passar do tempo, o cenário tem-se tornado bastante temeroso com a entrada, neste conflito, dos EUA e da RUSSIA. Estes, gozando do estatuto de grandes jogadores, transformaram este conflito interno num jogo global pelo controlo militar e económico daquele território, em que no coração desta disputa estão as COMMODITIES.
A geografia de guerra de conquista e de posicionamento entre os dois blocos está claramente relacionada com o controlo geoestratégico dos recursos naturais fundamentais (energéticos). A primeira guerra pelos recursos foi a «Guerra do Golfo», em 1991. Depois destas, diversas guerras aparentemente civis surgiram em alguns pontos do globo, nomeadamente em África, e no Médio Oriente hoje vemos o mesmo «fluxo vicioso» na Síria. Entre 2011 e 2015, os principais indicadores económicos da Síria apresentaram um comportamento degradante, refletindo e promovendo de uma forma negativa o aumento do fluxo de refugiado. Desde então esta situação expõe estas pessoas às condições desumanas em que milhares perdem a vida tentado escapar do conflito civil que assombra as ruas da Síria.
Esta crise pode ser vista como uma oportunidade que a Europa tem para diminuir o impacto que as elevadas taxas de envelhecimento têm na sustentabilidade da economia ao longo do tempo, sendo que os refugiados na sua maioria procuram asilo em território europeu, nomeadamente nos países da União Europeia. Entre 2012-2015, a União Europeia gastou quase 2 biliões de Euros em cercas, segurança de alta tecnologia e patrulhamento das fronteiras. As maiores dificuldades, dizem os Governos, não estão apenas em mensurar os benefícios retirados caso permitam os refugiados no seu território, mas na indisponibilidade no que diz respeito à sustentação destas pessoas.
Sublinho que, mesmo que a Europa aceite os 4 milhões de refugiados da Síria, a população muçulmana na Europa aumentaria de 4% para 5%. Claramente, isso não tornaria a Europa um continente muçulmano, muito pelo contrário ajudaria a recuperar os níveis de natalidade no Ocidente. Estudos revelam também que, apesar das taxas de natalidade serem altas entre os muçulmanos na Europa, elas diminuem e se ajustam conforme o nível de rendimento e a educação aumentam. No mesmo contexto, dados mostram-nos que a maioria dos refugiados Sírios já são formados, facto este que contribuiria de uma forma positiva para a força-de-trabalho na Europa e estes seriam suficientes para sustentar a população envelhecida, utilizando modelos de «Life Time Utility», como por exemplo o Sistema de Repartição.
Por fim, digo que seria benéfico para os países da União Europeia se criassem um modelo eficiente que os permitisse mensurar custos e benefícios de receber refugiados no seu território. Com base nesses resultados do modelo deveriam tomar uma decisão sobre a matéria do acolhimento, isto é, não considerando apenas as questões humanitárias, mas como também económicas.

Marcos Fernando

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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