quinta-feira, 5 de outubro de 2017

A Dívida Pública Portuguesa

De acordo como o Banco de Portugal, a dívida pública mede o endividamento das administrações públicas de um país, sendo que as administrações públicas compreendem a administração central, a administração regional, a administração local e os Fundos da Segurança Social. Existem várias formas de medir a dívida pública sendo que em Portugal e nos restantes países da União Europeia utiliza-se uma definição harmonizada que é designada por “dívida de Maastricht”. De acordo com esta definição, a dívida pública corresponde ao montante contratualmente acordado pelo qual as administrações públicas terão de reembolsar os credores na data de vencimento. Engloba as responsabilidades em depósitos e equiparados constituídos junto das administrações públicas (como são os certificados de aforro ou do Tesouro), os títulos de dívida emitidos (destacando-se as obrigações e os bilhetes do Tesouro) e os empréstimos obtidos por estas entidades.
A dívida pública portuguesa tem vindo a aumentar, tendo no mês de junho subido para 249,1 mil milhões de euros, de acordo com dados do Banco de Portugal, mas seria de esperar que descesse em julho devido ao reembolso ao FMI. No entanto, a dívida pública portuguesa aumentou, entre junho e julho, sendo em julho de 249,2 mil milhões de euros. Na ótica de Maastricht a dívida pública portuguesa aumentou 1,3 mil milhões de euros em agosto, face a julho, situando-se em 250,4 mil milhões de euros, tendo atingido o seu valor máximo.
A situação descrita neste artigo de opinião apresenta diversos aspetos que podem ser vistos como causas destas variações da dívida pública entre estes meses, e de fatores que possam fazer com que a dívida pública diminua ou pelo menos não continue a crescer sucessivamente.
Um dos aspetos que levou à variação da dívida pública entre junho e julho foi um aumento dos certificados do Tesouro, que são instrumentos da dívida pública utilizados pelo Estado português para satisfazer as suas necessidades de financiamento, bem como o aumento de outros depósitos junto das administrações públicas e o aumento das emissões líquidas de títulos negativos. No mês de julho, o Tesouro português efetuou um reembolso ao FMI (Fundo Monetário Internacional) no montante de 1,8 milhões de euros, pelo que seria de esperar uma descida da dívida pública no mês de julho, o que não se verificou, como foi dito inicialmente. Adicionalmente, registou-se em julho um aumento de empréstimos, em que este é o meio pelo qual uma pessoa, seja física ou jurídica, empresta algo a um “devedor”, sob determinada condição. No que diz respeito ao mês de agosto e de acordo com o banco central, a variação da dívida pública reflete emissões líquidas de títulos e, por sua vez, uma diminuição de empréstimos essencialmente por via do reembolso antecipado de empréstimos do Fundo Monetário Internacional.
A dívida pública continua a aumentar porque o país mantém necessidades de fundo de maneio crescentes e que têm de ser financiadas. Daqui resulta que o montante anual emitido de dívida pública continua a ser superior ao valor dos reembolsos. Enquanto não se verificar o contrário, o montante de dívida pública não irá descer.
No que se refere à diminuição da dívida pública, podemos encontrar variados fatores que atenuem as consequências desta dívida pública exorbitante. Será necessário disciplina orçamental, bem como uma diminuição do défice público, que ocorre quando o valor das despesas de um governo é maior do que as suas receitas, e por sua vez um crescimento económico considerável. No entanto, para descer a dívida pública não será conveniente acabar com os depósitos e as reservas de ouro, por exemplo, pois pode ser uma ação mal interpretada pelos credores.
Resta-nos aguardar e ver se tais medidas, de todas as referidas acima, atenuarão as consequências da dívida pública portuguesa.

Francisca Isabel Silva Pereira Leite

Referências:
·         https://www.publico.pt/2017/10/02/economia/noticia/divida-publica-subiu-para-2504-mil-me-em-agosto-banco-de-portugal-1787394.

 [artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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