sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Portugal coberto de cinzas

Alguns meses após a tragédia de Pedrógão Grande, um novo desastre abateu-se sobre Portugal. Dia 15 de Outubro de 2017 vai ser lembrado como o dia record: 500 fogos que vitimaram 42 pessoas, totalizando assim mais de uma centena de vítimas mortais no maior e mais desastroso verão dos últimos anos que o nosso país se lembra de ter vivido.
Portugal teve mais área ardida que a restante Europa, isso resulta não só de incapacidades na resposta, mas também da criminalidade e interesses obscuros que devem ser gravemente punidos sem qualquer piedade. Isso não pode passar impune! Castigos duros e exemplares devem ser aplicados, para se evitarem as mãos que propagam a morte de pessoas, de animais e de bens que contribuem para o nosso crescimento económico.
Com um discurso demolidor, Marcelo Rebelo de Sousa falou ao país sobre a mais recente tragédia causada pelos incêndios, que ocorreu três dias após a divulgação do relatório de Pedrógão Grande. Ao citar as mais de cem pessoas mortas em menos de quatro meses em fogos florestais, mostrou diferença face ao discurso frio que António Costa tinha feito no dia anterior, onde lhe faltou emoção para com as famílias e a comunidade que sentiram na pele as consequências drásticas destas tragédias. Marcelo mostrou um lado impiedoso na reprimenda pública ao atual Governo, o qual, nesta legislatura, já apoiou por várias vezes. No discurso que fez, fez questão de exibir um poder impiedoso, sustentado pela grande popularidade que os portugueses lhe concedem, onde assinalou que a culpa não podia morrer solteira e alguém teria de ser responsabilizado pelas tragédias deste verão que tanto custou a passar.
         A atual ex-ministra da administração interna, Constança Urbana de Sousa, que a meu ver não tinha condições ou credibilidade para continuar no cargo que ocupava, pela falta de confiança que demonstrava sempre que falava à população, estava a prejudicar a imagem de um Executivo que a generalidade dos portugueses tem apreciado. A crise reputacional atingiu um Governo que tem mostrado bons resultados, mas, de facto, não se compreende que não tenha sido possível, ao fim destes meses todos, aproveitar esta oportunidade para dizer o que ia ser feito, o que me leva a pensar que nada ia ser feito. Basta ver-se a proposta de Orçamento do Estado. Prevê alguma coisa para mudar tudo? Não, aliás, basta vermos quantas vezes a palavra “incêndio” surge num documento de 276 páginas.
         No entanto, nem tudo são más notícias para António Costa. O anúncio feito pelo comissário europeu dos Assuntos Económicos e Financeiros, no Parlamento Europeu, afirma que as despesas que Portugal tiver com os incêndios não serão tidas em conta quando a Comissão Europeia avaliar o cumprimento das metas do défice
Apesar de ser o momento mais difícil que enfrenta, resta ao nosso Primeiro-Ministro, um político astuto, recuperar a solidez da sua liderança.

Carla Susana Peixoto Teixeira 

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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