sábado, 7 de outubro de 2017

Catalunha – Possibilidade de Independência

Apesar de ser apenas uma remota possibilidade, altamente alimentada pela questão cultural, é importante entender o impacto que a possível separação entre a Espanha e a Catalunha teria na Europa e, particularmente, na própria Catalunha.
A Catalunha é uma região com 7,6 milhões de habitantes, que funciona como um dos motores da economia espanhola, e é líder no turismo, exportações e setor agroalimentar, entre outros. Não há nenhuma cidade espanhola, nem mesmo Madrid, que tenha recebido mais turistas em 2016 que Barcelona. Cerca de 18 milhões de estrangeiros escolheram a Catalunha como destino, representando 25% daqueles que decidiram visitar Espanha.
O setor agroalimentar é o setor com maior volume de negócios, e aquele que gera mais emprego, facto que certamente colabora para que a taxa de desemprego seja de 13,2%, contra os 17,2% do país. As exportações catalãs representam cerca de 25% das exportações espanholas, sendo de longe a região do país que mais vende ao estrangeiro. Compete diretamente com a capital pelo estatuto de cidade mais rica do país, sendo que, em 2016, com 19% do PIB espanhol, ficou mesmo à frente de Madrid (18,9%).
Mas nem tudo são pontos fortes. O peso da dívida pública é uma das lacunas da Catalunha, representando 35,2% de seu PIB. Dados relativos ao primeiro trimestre de 2017 dão a região como a terceira mais endividada em termos relativos. Em valor absoluto, é mesmo a mais endividada, cerca de 75,4 biliões de euros em empréstimos. Esta questão em nada ajuda os catalães a financiarem-se diretamente nos mercados, ficando dependentes de empréstimos do governo central.
Existem duas perspetivas opostas do que a independência poderia causar: por um lado, o Ministro da Economia espanhol afirmou que uma Catalunha independente e fora da União Europeia causava uma queda entre 25% e 30% do PIB da região. Afirmou também que o desemprego disparava para o dobro (26,4%). Pelo contrário, alguns Economistas, claramente otimistas, acreditam que o “Novo Estado” se iria manter na UE e calculam que o PIB se mantivesse estável no curto prazo e pudesse subir mais tarde cerca de 7%.
Na minha perspetiva a primeira opção é mais viável, tendo em conta o grave endividamento catalão, que impediria o financiamento nos mercados, já não sendo o Governo central uma solução.

Rui Miguel Santos Coelho

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]  

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