domingo, 1 de outubro de 2017

A entrada dos jovens no mercado de trabalho

O desemprego jovem é, atualmente, um dos principais problemas na Europa no que ao mercado de trabalho diz respeito. Encontrar soluções para este problema social, económico e político é, obviamente, um dos grandes desafios para os próximos tempos.
Se nos centrarmos em Portugal, este problema assume proporções preocupantes, embora ultimamente tenha vindo a ser lentamente minorado. Observando dados relativamente recentes, no último trimeste de 2016 a taxa de desemprego em Portugal era de 10,5%. Destes 10,5%, 28% eram jovens com idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos. Neste capítulo, os 3 países em pior situação a nível europeu são a Grécia (45,2%), a Espanha (41,5%) e ainda a Itália (35,2%). Ainda assim estes números colocam-nos entre os piores da Europa neste capítulo.
As principais causas apontadas para este grave problema são a crise económica e financeira que Portugal tem atravessado nos últimos anos, o progresso tecnológico e a existência de países produtores de bens a baixo custo, por exemplo a China e a Índia. Se conhecermos a lei de Okun, sabemos que a diminuição da taxa de crescimento do PIB leva a um aumento do desemprego. Isto explica o grande crescimento do desemprego em Portugal durante os anos em que o país registou crescimentos negativos do PIB. O progresso tecnológico é outro fator que tem contribuído para o aumento do desemprego, pois, com a evolução da tecnologia, a mão-de-obra humana deixou de ser necessária para muitas tarefas.
O facto de aparecerem países com vantagens competitivas em relação a Portugal também contribuiu pois como passou a haver mão-de-obra mais barata, assistimos à deslocalização de unidades industriais para mercados bastante mais competitivos. Este flagelo em Portugal pode também ser explicado pela grande discrepância entre as competências que os jovens adquirem no ensino português e as competências que lhes são exigidas aquando da entrada no mercado de trabalho.
Uma das terríveis consequências deste cenário desanimador foi um fenómeno denominado “fuga de cérebros”, que consiste na emigração de pessoas altamente qualificadas. Isto faz com que Portugal perca competitividade pois investe na formação e na educação destas pessoas e mais tarde estas contribuem para o desenvolvimento de economias estrangeiras. Segundo dados da Comissão Europeia, Portugal está também mal neste capítulo: entre 2011 e 2014, 63,1% de cidadãos que possuíam o diploma universitário estavam registados como residentes noutros países. No entanto, este problema já tem bem mais de uma década pois se centrarmos a nossa atenção entre 2001 e 2011 houve um aumento de 87,5% na percentagem de portugueses com diploma universitário a abandonarem o país.
Apesar de todo este cenário bastante negativo, o desemprego jovem e o desemprego em geral têm vindo lentamente a diminuir. Segundo dados recolhidos do PORDATA, o desemprego jovem em 2016 era de 28%, o que apesar de ainda ser assustador está já algo longe dos 35% que se chegaram a verificar nos anos de maior crise. Esta recuperação está também diretamente relacionada com a recente e ligeira recuperação portuguesa no que ao setor da economia e das finanças diz respeito.
As principais soluções apontadas pelos especialistas para continuar a resolver este problema são apostar no empreendedorismo, no crescimento do setor do turismo e, ainda, a inscrição no programa Garantia Jovem. No entanto, quanto ao empreendedorismo, “nem tudo são rosas”, pois exige riscos: no caso do negócio correr mal poucos estão dispostos a ver o montante do investimento transformar-se numa dívida. Quanto ao turismo é o setor que neste momento mais impulsiona a economia portuguesa e o facto de Portugal “estar na moda” no que ao turismo diz respeito é uma das esperanças para continuar a diminuir a taxa de desemprego. O desemprego jovem é favoravelmente afetado por esta tendência pois os jovens são geralmente mais requisitados para trabalhar em setores turísticos.
O programa Garantia Jovem trata-se de uma medida para reduzir o desemprego jovem ao apoiar financeiramente os empregadores que celebrem contratos com jovens entre os 18 e os 29 anos com a duração mínima de 6 meses, com ou sem termo certo.

Renato Ruas Fontainhas Lopes

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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