segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Bitcoines – tulipas do século XXI

Desde 2009, data em que foi criada a ´bitcoine`, os números não param de crescer. Multiplicam-se as rivais desta criptomoeda. Existem entre 2,9 milhões e 5,8 milhões de utilizadores de moedas digitais. O valor de mercado das criptomoedas passou rapidamente de zero a quase 150 milhões de dólares, entre outros.
Dada a evolução estratosférica dos preços, há cada vez mais responsáveis que comparam estas critpomoedas à febre das tulipas na Holanda, no século XVII - “A bitcoin é uma espécie de tulipa. É um instrumento de especulação mas certamente não moeda” – Vítor Constâncio. Todavia, a questão mantem-se: qual a justificação para a ascensão da ´bitcoine`? De uma forma generalizada, podemos afirmar que o facto de não serem controladas por nenhum governo, existir descentralização, liberdade e controlo da inflação são pontos determinantes para o referido sucesso.
Vejamos, são moedas virtuais, não se vêem, não se tocam, não se sentem. São códigos encriptados, para os quais existem carteiras próprias na web ou no computador, portanto a sua emissão e transmissão não é controlada por nenhum banco central ou Governo.
Além do mais, outro benefício desta falta de controlo governamental é o facto de o governo não poder impedir transações com ´bitcoines` – somos livres de transferir e receber ´bitcoines` de qualquer pessoa. Para ilustrar esta situação, temos como exemplo o ataque informático mundial ocorrido em Maio de 2017. Os hackers que organizaram o gigantesco cibercrime (atingiu 74 países em 10 horas) exigiram um resgate em ´bitcoins` para devolver os ficheiros encriptados às empresas lesadas.
Por outro lado, a ´bitcoin` vem resolver o problema das moedas fiduciárias. Teoricamente, se a economia de um país entrar em colapso, a ´bitcoin` continuaria sem restrições. Afinal, não está dependente da confiança de um sistema monetário mas apenas da matemática. Trata-se de um algoritmo alimentado por uma rede descentralizada. Isto é, a ´bitcoin` é uma alternativa à queda do sistema financeiro mundial.
Ainda assim, a inflação da ´bitcoin` está predefinida matematicamente na tecnologia, logo está controlada, bem como a quantidade de moedas que podem ser produzidas: 21 milhões. Após a emissão destes milhões de moedas permitidas, a economia da ´bitcoin` passa a ser deflacionária.
Em suma, as criptomoedas estão a conquistar adeptos e registam valorizações consideráveis, principalmente pelos quatro motivos supra discutidos. Todavia, à medida que a popularidade sobe, aumentam também os alertas sobre os perigos desta moeda, muitas vezes associada a atividades ilícitas presentes em economias subterrâneas.

José Miguel F. Fernandes

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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