quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Startups – novo tipo de empresas?

Apesar de haver diversas definições que cabem na palavra startup, podemos sintetizar na ideia de que um empreendimento startup é, no fundo, um grupo de pessoas que procura um negócio repetível, estável e incerto. Repetível, na medida em que é capaz de produzir bens ou serviços em grandes escalas, podendo considerar até uma escala ilimitada sem que seja necessário adaptar consideravelmente para cada cliente. É nos outros dois adjetivos que encontramos o húmus deste tipo de modelo de negócio. Uma startup tem que ser capaz de crescer cada vez mais sem que tal crescimento influencie o dito modelo, implicando isto que as receitas cresçam mas os custos cresçam bem mais lentamente, gerando margens, lucros e riqueza cada vez maiores, tendo associado a si sempre um grau de incerteza acerca do sucesso do plano de negócio. A partir do momento que a startup se torna escalável, esta passa a ser uma empresa altamente lucrativa, sendo sempre este o fim a que se propõe este tipo de projeto.
Haverá apenas aspetos positivos? Não, mas claramente os pontos positivos esmagam os negativos. Estes últimos prendem-se, na minha opinião, principalmente, com duas situações:
primeira, podendo suster o processo logo no início, é necessária a ideia, é necessário o espírito empreendedor, o espírito crítico, que vão funcionar como motor de arranque para todo o projeto. Na tentativa de solucionar este problema, tem-se vindo a assistir a um crescimento na oferta de formação na área do empreendedorismo. Do meu ponto de vista, estas sessões de formação são deveras úteis e importantes, mas atribuo também uma certa importância a algumas caraterísticas que considero inatas aos indivíduos;
a segunda situação será a tentativa-erro, quero com isto dizer que uns dos aspetos menos bons são os custos, monetários e não só, consequentes das tentativas de melhoria do processo de produção. Até o processo estar perfeitamente configurado, existem diversas perdas, principalmente em termos de tempo e de dinheiro.
Posto isto, porque é que as grandes empresas continuam a apostar nestes negócios? As grandes empresas reconhecem que a cultura das startups faz com que tudo aconteça mais rápido, o que promove a inovação, fazendo com que os projetos levem menos tempo a acontecer. Esta simbiose permite, por um lado, que as empresas agilizem os seus planos e, por outro, que as startups cheguem mais facilmente a capital disponível, a potenciais clientes e parceiros estratégicos.
Os gigantes dos mercados sabem perfeitamente destas vantagens e por isso assistimos a projetos encabeçados por empresas como a Sonae, que se encontra de momento a levar a cabo uma tentativa de chamar a tecnologia através da iniciativa Disrupt Retail. Outro bom exemplo é o projeto de apoio às startups denominado Startup Braga – a incubadora de empresas que nasceu sob a alçada da InvestBraga, uma agência que tem por missão a dinamização da região – que pré-acelera e acelera os negócios com a ajuda de um número de mentores e de parceiros que acompanham todo o progresso, e por onde em 3 anos passaram 111 startups, das quais apenas 67% levantaram uns generosos14 milhões de euros de financiamento, traduzindo-se na criação de 368 postos de trabalho
Esta cultura de crescimento rápido parece-me não ser apenas passageira e que, quando bem aplicada, pode conduzir a ótimos resultados. Por esse motivo, julgo que as startups podem alterar a configuração dos mercados, principalmente no que diz respeito à utilização da tecnologia e particularmente à inovação na mesma.

Eduardo Barbosa

http://observador.pt/2017/10/02/vai-nascer-um-reactor-na-lionesa-para-fazer-crescer-startups/

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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