sábado, 7 de outubro de 2017

Indústria Farmacêutica: os bons Samaritanos?

No setor da Saúde, as dívidas do Estado têm vindo a aumentar de forma tão sistemática ao longo dos últimos anos que, de certa forma, quase já passam despercebidas. Um dos setores mais afetados é a Indústria Farmacêutica.
A Indústria Farmacêutica finalmente disse “Basta”, e ao longo dos últimos meses têm sido vários os avisos deixados ao Estado, tendo em conta que a dívida está a atingir valores semelhantes aos obtidos no período de assistência financeira, em 2012. Estamos a falar de valores que ascendem aos 930 milhões de euros (valor referente ao passado mês de junho). 
De que forma é que o Estado procura incentivar o Investimento Externo e a atração de novas empresas para Portugal quando, num setor tão importante como este, são criadas tantas dificuldades à sustentabilidade das empresas? Note-se que isto é uma situação que se tem vindo a alastrar há anos, e é reflexo de má gestão dos diversos governos precedentes do atual. Passo a citar a Apifarma (Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica): “No fundo, a indústria farmacêutica está a financiar o Estado a custo zero, o que tem implicações nas empresas.”, uma situação que, acrescenta,“Se tem arrastado no tempo.”
Segundo os dados divulgados pela Apifarma, os pagamentos que devem ser efetuados a 90 dias estão a ser pagos num prazo médio de quase 365 dias. De que forma é que os sucessivos Governos querem assegurar que as empresas cumpram prazos e sejam cumpridoras da lei se nem o próprio Estado consegue passar esse exemplo? É uma situação bastante irónica, mas comum à grande maioria dos setores em Portugal.
Acima de tudo, e apesar da dívida continuar a aumentar, é observável um ligeiro abrandamento do crescimento da mesma, que reflete uma melhoria que, ainda que ligeira, não deixa de ser uma melhoria, no cumprimento dos prazos de pagamento.
Resta-nos esperar pelo próximo Orçamento de Estado para perceber de que forma pensa o Estado olhar para esta situação e que reformas pensa implementar para diminuir estes valores abismais e recuperar a credibilidade que tem dentro da Indústria Farmacêutica. Só resolvendo este problema é que conseguirá atrair novas empresas do setor para Portugal.
Francisco Azevedo

Referências Bibliográficas:
http://www.apifarma.pt/indicadores/Portugal/IFPT/Documents/D%C3%ADvidas%20Hospitalares%2027072017_website.pdf
https://www.publico.pt/2017/04/26/sociedade/noticia/dividas-dos-hospitais-publicos-a-industrias-farmaceuticas-e-de-892-milhoes-de-euros-1770070
http://observador.pt/2017/09/27/industria-farmaceutica-alerta-para-subfinanciamento-dramatico-na-area-da-saude/
https://www.dn.pt/portugal/interior/pagamentos-em-atraso-dos-hospitais-sobem-195-milhoes-em-cinco-meses-8702350.html
  
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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