segunda-feira, 9 de outubro de 2017

A quem sairá mais caro o divórcio entre Espanha e Catalunha?

A Catalunha está nas bocas do mundo e o clima de tensão está longe de cessar. No passado dia 1 de outubro, Catalunha votou a favor da independência, enfrentando o governo espanhol, que declarou o referendo ilegal. Enquanto a incerteza predomina nas casas dos catalães, há quem “já faça as contas ao que pode representar a perda desta fatia do Estado espanhol”.
É fácil perceber porque é que a independência da região pode sair cara ao Estado espanhol. Ocupando apenas 16% do território espanhol, Catalunha é das regiões mais ricas de Espanha, produzindo um quinto do PIB nacional, acolhendo metade das startups e do novo investimento que anualmente desponta no território espanhol e exportando um quarto dos bens e serviços produzidos no país, sendo que metade destas exportações são realizadas por grandes empresas. Estas, na sua maior parte multinacionais, perante a eventual independência de Catalunha, admitem mudar-se para outra região ou mesmo mudar de país.
Um estudo sobre os efeitos de uma eventual separação mostra que todo o comércio seria afetado e seria necessário uma nova organização das redes de distribuição de mercadorias. O mesmo estudo mostra que o divórcio implicaria uma diminuição de 2 a 2,5% no PIB espanhol e 10% no PIB da Catalunha. É importante ainda ter em atenção que nos primeiros momentos da independência, a Catalunha estaria fora da União Europeia, o que significaria novas taxas alfandegárias e uma subida dos preços dos produtos feitos na Catalunha, abalando assim o equilíbrio do mercado e do nível de salários. Por outro lado, a Espanha, sem a sua segunda maior contribuição positiva, poderia ser obrigada a aumentar impostos e a reduzir ainda mais a despesa para evitar um aumento do défice orçamental e da dívida pública.
Se então o divórcio fica caro tanto à Catalunha como a Espanha, de onde vem este sentimento independentista dos catalães? A Catalunha é uma região autónoma, com a sua própria língua e os seus próprios costumes e tradições e a independência seria no sentido de proteger esta cultura. No entanto, acredito também que muitos catalães sentem-se motivados para uma separação porque acreditam que, sendo Catalunha das regiões mais ricas e com o segundo maior contributo positivo para o Estado espanhol, “estão a pagar mais do que recebem”.

Bruna Filipa Matos Azevedo

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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