segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Portugal, um país a envelhecer!


        Ao longo dos últimos anos, somos constantemente bombardeados com notícias acerca do envelhecimento da população. Este novo fenómeno, que surgiu na segunda metade do século XX, afeta não só Portugal como também vários países da UE. Entende-se por envelhecimento populacional quando o número de população residente com mais de 65 anos é superior ao número de população jovem. Isto acontece quando há uma melhoria significativa da qualidade de vida, que consequentemente resulta, por exemplo, numa diminuição da taxa de mortalidade e aumento da esperança média de vida.
Relativamente à esperança média de vida, em 1960, um indivíduo do sexo masculino podia esperar viver cerca de 60,7 anos, ao mesmo tempo que as mulheres podiam esperar viver, aproximadamente, 66,4 anos. Atualmente, a realidade é completamente diferente. Segundo dados do PORDATA, em 2015, um homem tinha uma esperança média de vida de 77,6 anos e uma mulher de 83,3 anos.
Observando as pirâmides etárias, é possível averiguar que há uma diminuição do peso dos jovens, ou seja, uma contração da base da pirâmide e, por outro lado, há uma expansão do topo da pirâmide, isto é, há um aumento do peso dos idosos. A população jovem (dos 0 aos 14 anos), em 1971, era de 2,5 milhões, ao mesmo tempo que, em 2016, era de 1,5 milhões. A população em idade ativa, por sua vez, aumentou: em 1971, era de 5,3 milhões e, atualmente, é de 6,7 milhões. Por último, a população residente com mais de 65 anos, em 1971, rondava os 836 mil indivíduos e, em 2016, foi de 2,1 milhões.
A redução do número de jovens é, também, comprovada pela diminuição da taxa de natalidade que, entre 1960 a 2016, diminuiu cerca de 16%o, sendo em 1960 de 24,1%o e em 2016 de 8,4%o. Analisando mais dados do PORDATA, o nível de envelhecimento em 1961 era de 27,5%, sendo em 2016 de 148,7%, e o número de população ativa por idoso era de 7,9, em 1960, enquanto que, atualmente, é de 3,1.
Numa das mais recentes notícias do jornal Expresso era que “o envelhecimento da população portuguesa vai estabilizar apenas em 2049”. E, segundo o jornal Negócios, Portugal será o 4º país mais velho do mundo em 2050, sendo que 40% da população terá mais de 60 anos. O ranking realizado pelas Nações Unidas revela que Portugal é um dos seis países a “envelhecer mais depressa”. 
As principais consequências deste envelhecimento populacional estão relacionadas com o sistema de segurança social e o sistema nacional de saúde. Quando temos uma sociedade cada vez mais idosa e menos jovem, irão surgir problemas relacionados com, por exemplo, o pagamento de reformas, a sustentabilidade do sistema de saúde, o aumento das despesas, a redução da população ativa (que afeta a sustentabilidade do sistema de segurança social), as novas despesas com instituições de apoio aos idosos, etc.
Outro problema associado ao envelhecimento populacional é a despesa pública. Segundo o FMI (Fundo Monetário Internacional), a forte diminuição da população portuguesa pode afetar gravemente a despesa pública. "O declínio previsto para a população de Portugal representa uma ameaça séria às finanças públicas portuguesas. Nesse cenário, a despesa pública relacionada com o envelhecimento aumentaria mais de sete pontos percentuais do Produto Interno Bruto (PIB) e a dívida pública tornar-se-ia insustentável".
De forma a evitar esta situação insuportável, é necessário criar mecanismos de combate ao envelhecimento da população, tais como incentivo à natalidade, apoio às famílias, benefícios para casais com mais filhos e incentivos socais.

Ana Carolina Ferreira
  
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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