sábado, 14 de outubro de 2017

O Trabalhador-Estudante

Conciliar o trabalho e os estudos é uma prática desafiante, mas cada vez mais usual em Portugal. São vários os jovens que gerem o seu tempo ao minuto entre os estudos e o trabalho. Alguns, pela vontade de ganhar experiência profissional, outros pela necessidade de ter uma fonte de rendimento extra, a verdade é que são muitos os jovens estudantes que entram no mercado de trabalho em paralelo com a sua vida académica.
         Na passada quinta-feira foi comunicada uma versão preliminar do Orçamento de Estado para 2018, que está a provocar algum descontentamento aos jovens. Além da modificação na tabela das taxas de IRS (que passa a ter sete escalões), o Orçamento de Estado prevê que todos os estudantes “do ensino secundário, pós-secundário não superior e no ensino superior” com um contrato de trabalho passarão a deduzir “10% das importâncias auferidas”.
         Convém referir ainda que esta retenção na fonte abrange também os rendimentos ganhos “por menores em espetáculos ou outras atividades de natureza cultural durante as férias escolares”. Sendo que, neste caso, a retenção tem como limite cinco vezes o indexante dos apoios sociais (IAS), que este ano se fixa em 421,32 euros, mas que deverá também ser atualizado em 2018, o que deverá colocar este teto anual acima dos 2.100 euros.
Para efeitos de tributação, os estudantes têm a opção de englobarem os seus rendimentos nas deduções dos seus titulares.
Desde que esta medida foi anunciada, vários jovens já contestaram esta decisão, pois acreditam que espelha um “desincentivo” ao trabalho e ao esforço que fazem diariamente. 
Como todos sabemos, os impostos são a principal fonte de receita do Estado mas, para além das receitas, devemos pensar no impacto que estas medidas podem ter na população e nas suas mentalidades.
Será que esta medida não vai diminuir o número de jovens trabalhadores-estudantes, isto é, o número de jovens que lutam pelo seu futuro? Acredito que esta é uma medida que apoia o conformismo e que o número de jovens trabalhadores-estudantes irá diminuir enquanto esta medida vigorar.
É também papel do Estado motivar os jovens a apostarem cedo nas suas valências e a lutarem por um futuro melhor!

Maria João Marinho Peixoto

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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